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Conclave [Crítica]

Conclave é um filme de 2024, dirigido por Edward Berger (Nada de novo no Front, 2022). Com um elenco recheado de figuras talentosíssimas, a película acompanha o cardeal Lawrence, interpretado por Ralph Finnes, que precisa administrar o próximo conclave que decidirá quem será o novo Papa após a morte do anterior. Com diversos representantes religiosos reunidos, segredos e esquemas se revelam entre as paredes do Vaticano enquanto se escolhe através de uma votação quem será digno de se tornar o homem mais famoso do mundo. O filme conta com oito indicações ao Oscar, elas sendo: Melhor filme, Melhor ator (Ralph Finneas), Melhor atriz coadjuvante (Isabella Rosellini), Roteiro adaptado, Edição, Melhor figurino, Melhor trilha sonora original e Design de produção; Tendo conquistado o prêmio de melhor roteiro adaptado.

O filme inicia com a descoberta da morte do Papa anterior e imediatamente somos apresentados ao personagem protagonista da trama, Cardeal Lawrence, que recebe o título de administrador do Conclave. A partir disso somos guiados por uma câmera discreta e delicada, que acompanha silenciosamente as angústias e medos dos representantes religiosos com o que virá neste conclave.

A primeira parte da obra conta com os preparativos para a votação, a chegada dos convidados e todo o sentimento de confusão emocional por todos presentes. Nela, planos longos e estáticos são destaque, ressaltando as cores principais usadas no filme: vermelho, azul e dourado, e a cenografia bela que rodeia toda a trama, repleta de abundância e imponência, substantivos importantes para a trama que será cercada de maniqueísmo e sentimentos dúbios.

O espectador é apresentado à diversas figuras masculinas muito importantes para o cenário da Igreja Católica, que em teoria deveriam ser justos, benevolentes e sensatos, entretanto não deixam de ser humanos… então contam com arrogância, desonestidade e imprudência, colocando seus desejos pessoais de poder acima do “bem maior” e da razão. Somos transportados para um cenário político, dentro de um contexto religioso, uma disputa de poder e princípios contrários, todos em embate para ver quem levará a melhor, e no meio disso, um protagonista perdido e que se encontra duvidoso de sua fé, se perguntando de seu lugar.

Conclave, 2024

Com atuações exepcionais, e um roteiro bem construído, há um balanço equilibrado de personagens e suas influências na história, desdobramentos interessantes e inusitados aparecem em tela para compor o cenário de desarranjo. As atuações de Ralph Finnes e Stanley Tucci são as de maior destaque, com uma sensibilidade aguçada e intimidade com a câmera notável, creio que devam ser bem reconhecidos pelo belo desempenho. Isabella Rossellini cumpre o que a personagem propõe, uma mulher atenta e silenciosa, que despreza o comportamento dos cardeais, sendo os ouvidos e os olhos de todo aquele evento se mantendo sorrateira. A atuação de Carlos Diehz, Sergio Castellitto e Lucian Msamati também merecem reconhecimento.

Com uma fotografia dura e quase poética, a guerra religiosa é palpável, uso e abuso de luzes de fundo amareladas em contraste com o branco da maioria dos ambientes, indo de frente com a fartura do vermelho, trazendo a tensão e o poder para a tela, empoderando os personagens e suas personalidades. Constrates de luz e sombra também são muito presentes para determinadas cenas que precisam transmitir o mistério e o segredo, muito exibidos em toda a concepção religiosa do filme de que a igreja mantém seus assuntos em segredo e acobertados, seus atos entre a luz e a escuridão. Movimentos de câmera lentos e longos, mas sutis, confrontando os planos estáticos… Muita contraposição de planos detalhes com planos conjuntos e de planos contemplativos com cenas de conflito moral e verbal, me instigando muito mais à olhar além da tela e imergir na beleza estética.

Uma cenografia de tirar o fôlego, a reconstrução do Vaticano em seus detalhes, a aplicação do mármore, o azul escuro e o dourado em diversos ambientes para trazer a riqueza e poder da igreja e de seus membros. Ornamentações variadas e locais abertos e amplos, trazendo uma grandeza para a obra e para todo seu enredo de importância e amplitude. Figurinos impecáveis e imponentes, vibrantes e chiques, só realçando ainda mais a autoridade dos membros religiosos.

Creio que não preciso me extender mais, acho uma obra concisa, de certa forma contemplativa e muito bem feita, com uma proposta interessante que poderia facilmente cair no genérico mas ao meu ver se mostra com uma diferente e ótima roupagem, mostrando várias facetas de um assunto tão controversial mas também admirado. No entando, ainda tenho problemas com o como o plot twist final foi apresentado, acho que a construção para a parte desse climax não tenha sido da melhor forma então deixou a sensação de informação solta, como se fosse algo que nós devêssemos apenas aceitar, sendo assim a falha que consto ser presente na obra.

Nota da autora:

Avaliação: 4 de 5.

Sophia Oliveira

Título OriginalConclave
Lançamento2024
País de OrigemEUA / Inglaterra
DistribuidoraFocus Features
Duração120min
DireçãoEdward Berger

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