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Drácula de Bram Stoker [Crítica]

Esse é um filme que eu não esperava assistir e nem tinha qualquer conhecimento a respeito. Se você já leu algum dos meus textos passados, bem provavelmente já vai ter me visto dizer que eu amo esse tipo de experiência com filmes. Assistir uma obra que eu não tenho nenhum preconceito formado é sempre uma experiência potencialmente surpreendente. Neste caso, foi um exemplo negativo dessa recorrência. Mesmo com certos exageros e efeitos práticos até interessantes, o filme não me conquistou nem pelo terror, nem pelo drama e muito menos por seus personagens.

A história é a seguinte: uma espécie de corretor de imóveis é enviado para se encontrar com um cliente que pretende adquirir um velho imóvel em Londres. Nesse primeiro contato, Jonathan, o corretor, acaba descobrindo que seu cliente é nada mais nada menos que o conde Drácula. Depois de experienciar muitas bizarrices, Jonathan é aprisionado no castelo, enquanto o vampiro, que nesse filme também é um lobisomem – não me pergunte o porquê – viaja para Londres a bordo do seu famoso navio Demeter. Lá ele acaba se encontrando justamente com a noiva de Jonathan, que desenvolve uma relação de amor bizarra com a criatura mitológica. Depois disso se eu falar que entendi alguma coisa eu estaria mentindo.

É, esse filme foi uma experiência muito estranha. Eu juro que eu me dediquei a tentar entender as relações que o filme tentava apresentar, mas cheguei à conclusão de que muita coisa realmente não fazia sentido lógico. A relação entre os personagens é fraca e a aparente bipolaridade da mocinha é inexplicável para mim. A trama também apresenta certas lacunas na narrativa e isso me fez pensar: será que isso tem a ver com o nosso vício moderno em explanações simplistas nas histórias de mistério? Mas no fim acredito que não. São realmente buracos de pontos importantes que não foram completados ao longo do filme. São mistérios que ficamos tentando compreender e esperando uma resposta, mas que nada nos é apresentado até o final. Nem sequer espaço para tentarmos interpretar, pois não me pareceu uma narrativa aberta, mas sim vazia.

O filme apresenta uma estética tecnicamente exagerada. Não chega a ser um surrealismo, mas certos efeitos são bem chamativos propositalmente. Isso, para mim, é até um ponto positivo da obra. Principalmente alguns efeitos práticos interessantes utilizando as sombras. São técnicas notáveis e interessantes até hoje. Já outros efeitos, principalmente adicionados na pós-produção, extrapolaram tanto que ficaram datados. Os cenários e as maneiras escolhidas para representar os ambientes assustadores e nada convidativos são bem bacanas. A maneira como o protagonista lida com esses claros alertas e suas escolhas muitas vezes não se justificam, mas se fosse somente isso que tivesse me incomodado, o filme até teria sido uma experiência legal.

O que realmente mais me incomodou foram as inconsistências e incoerências da história. Não é nem que o roteiro se utiliza de conveniência para o desenvolvimento da narrativa. É algo que realmente não tem uma justificativa plausível. Personagens que são conectados à trama principal sem qualquer apresentação prévia, sem qualquer lógica de ligação e de repente se mostram centrais para o desenvolvimento dramático. A mocinha, principalmente, não me fez sentir qualquer tipo de empatia por ela. Num momento parecia apaixonada pelo seu noivo, em um segundo, completamente desesperada e louca de amor pelo amigo vampiro, já num terceiro momento não queria mais se envolver com ele. No fim, nada que ela sentia fazia muito sentido, a não ser que ela já estivesse de algum modo conectada aos poderes do mal previamente. Mas tudo isso foi introduzido na trama vagamente. Como eu falei, não há espaço para interpretação. Aqui eu estou fazendo uma suposição para tentar tampar um buraco que eu encontrei. Mesmo assim, isso ainda não me faz entender as suas ambições.

Pelo lado do terror em si, para mim não houve um clima de horror, por mais que a narrativa tenha – ou tenta ter – uma atmosfera exageradamente pesada. Acho que, por vários motivos, isso se mostra bastante artificial. Não sei se, em grande parte, pela idade do filme ou por seu “excentrismo”. Existem cenas bizarras e até tentativas de jumpscares, mas que em mim não surtiram qualquer efeito. Nem mesmo uma criatura bizarra saltando na tela do nada me fez sentir qualquer arrepio. Sendo uma obra do gênero, isso é uma coisa realmente problemática, já que como drama o filme não se basta em si mesmo nem de longe.

Esse foi um filme que não me agradou e passou bem perto de entediar. Acho que só não chegou a tanto porque eu francamente queria entender o que estava acontecendo e como tudo aquilo ia se explicar e se conectar. Infelizmente minhas expectativas não foram atingidas e tudo acabou do jeito que começou: de uma maneira misteriosa, solta, exagerada e estranha. Tenho que confessar que eu não tinha qualquer conhecimento prévio a respeito da obra original a não ser pelo senso comum da cultura pop que absorveu essa história clássica, mas, a meu ver, um filme precisa se bastar em si mesmo, e o que essa obra apresenta não me foi satisfatória.

Nota do autor:

Avaliação: 1.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalBram Stoker’s Dracula
Lançamento1992
País de OrigemReino Unido/EUA
DistribuidoraColumbia Pictures
Duração2h8m
DireçãoFrancis Ford Coppola

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