Felizes Juntos, ou então Happy Together — ou ainda Chun gwong ja sit (春光乍洩) — é um filme do diretor Wong Kar-Wai. Esse é o sexto longa-metragem de sua carreira e garantiu a ele, além da indicação à Palma de Ouro em Cannes, o prêmio de melhor diretor do festival de 1997. O filme curiosamente se passa quase que por completo na Argentina e tem um tempero ardente do tango na relação amorosa principal.
Um casal de homens gays que vieram de Hong Kong para a Argentina têm o sonho de conhecer as cataratas do Iguaçu, mas assim como sua relação, a viagem nunca dá certo de fato. E assim, seguem suas vidas compostas de ciclos e ciclos; de idas e vindas; de dores e amores. Aqui temos um melodrama cru, com sentimentos à flor da pele e uma obra que tem muito a dizer para muito além do que está em seu roteiro.
O primeiro ponto a destacar é sua fotografia belíssima que se adapta ao estado emocional e as intempéries da relação do casal principal. As passagens monocromáticas têm tanto a dizer quanto as cenas com alta saturação que surgem no meio no filme. As rimas narrativas, que não só a fotografia mas também a cenografia trazem em quase todas as cenas, são um charme maravilhoso que o filme nos proporciona.
Com uma filmografia já aclamada pela crítica, Felizes Juntos (1997) foi mais um passo importante para Wong Kar-Wai se tornar um diretor reconhecido internacionalmente, principalmente no Ocidente, que é inclusive onde o filme se passa. Anos depois chegou a ser o presidente do júri do Festival de Cannes, em 2006, sendo o primeiro honconguês a ocupar o posto.
O toque autoral no filme é uma marca da condução sábia da direção, que jamais deixa a dinâmica se perder entre os cortes. As cenas de tensão têm cortes rápidos, favorecendo a ansiedade por uma resolução. Outras cenas mais contemplativas, por mais que raras, aparecem em momentos perfeitos para construir um ambiente de reflexão, quase que nos convidando a digerir os últimos acontecimentos que acabamos de presenciar em tela.
Para quem acompanhou a Mostra Melodramas Romanescos até aqui, essa é uma sessão imperdível e traz tudo que podemos esperar de um melodrama, mas ainda vai além, conseguindo nos conectar à trama de maneira íntima, sentindo profundamente as dores de seus personagens e os anseios próprios que eles mesmos vão descobrir, junto conosco, ao longo da história. A exibição será a última da mostra de 2025 e acontecerá no Espaço Cultural Yázigi, em Aracaju, às 19hrs. de amanhã, 18/05. Esse será, sem sombra de dúvidas, um fechamento a altura para a mostra que contou com tantos filmes clássicos e memoráveis.
Onde Assistir?
Diário dos Filmes 
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