O Casamento de Maria Braun (1979) é o primeiro filme da “Trilogia BRD”, consagrada por Fassbinder à República Federal da Alemanha (em alemão, Bundesrepublik Deutschland). Essa trilogia conta ainda com os filmes O Desespero de Veronika Voss (1982) e Lola (1981). Os três são conectados por compartilharem o mesmo tema: a vida de suas protagonistas na Alemanha pós-guerra.
Rainer Werner Fassbinder e Hanna Schygulla colaboraram em mais de 20 filmes durante suas carreiras, desde O Amor é Mais Frio do que a Morte, primeiro longa do diretor alemão. No entanto, durante as gravações de Effi Briest (1974), a relação entre o diretor e a atriz se tornou conflituosa, a ponto de Fassbinder afirmar que até a visão do rosto da atriz lhe era insuportável. É justamente em O Casamento de Maria Braun que a amizade é reatada — um filme em que as expressões de uma mulher em ruínas são captadas com
tanto anseio.
Maria se casa com um soldado alemão que é enviado para a guerra e desaparece durante o combate. Recusando-se a acreditar que seu marido tenha morrido, ela tenta sobreviver nessa realidade caótica sem perder a esperança de sua volta. No filme, acompanhamos o passar de dez anos da vida da protagonista, que dá nome à obra, entre 1944 e 1954 — ou seja, do final da guerra até o pós-guerra.
O gênero melodramático é explorado tanto no tema quanto no estilo do filme. Na complexidade da protagonista, há uma singularidade de anti-heroína e de sobrevivente — alguém que se viu entre ruínas e precisou se reconstruir; que precisou fazer escolhas em nome do amor, da vida ou da morte. Maria é o reflexo da Alemanha que ela habita: uma tentativa de reconstrução que carrega as feridas abertas de um passado violento.
Um filme recomendado tanto para os românticos quanto para os cínicos; para os apaixonados e desiludidos; para amantes de cinema e de história. E que faz parte da programação da Mostra Melodramas Romenescos e será exibido no dia 15 de maio, às 19 horas, na DID VI, sala 101 (sala de projeção).

Onde Assistir?
(não oficial)





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