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Mostra Melodramas Romanescos [Apresentação]

Entre os dias 15 e 18 de maio, a Cinemateca da UFS promoverá a mostra Melodramas Romanescos — O Desejo e Suas Ruínas. A mostra trará a exibição aberta ao público de 12 filmes do gênero melodrama e busca, além de democratizar o acesso ao cinema, fomentar o debate fílmico entre o público sergipano. Antes de passarmos os filmes que serão exibidos na mostra, busquemos entender um pouco mais sobre o que são melodramas — e o que seriam melodramas romanescos.

O melodrama é um gênero presente em diversas formas artísticas e tem como principal característica o exagero na representação, principalmente das emoções humanas. Essa vertente artística se originou no teatro francês mas com a ascensão do cinema logo se tornou também um gênero cinematográfico. Na 7ª arte os melodramas passaram por diversas transformações — acompanhando as próprias mudanças do cinema — e diferentes interpretações ao longo dos anos. De início, ainda no cinema mudo, o gênero se mostrou prolífico pois, sem o artifício da fala, os filmes trágicos e as atuações exageradas eram uma alternativa para transmitir as emoções dos personagens. O romance desde sempre esteve presente no gênero, com clássicos mudos como Greed (1924) e Sunrise (1927). Com a chegada dos filmes falados, aos poucos o melodrama começou a ser considerado um gênero de menor valor devido ao sentimentalismo exagerado e atuações “histriônicas”. Porém, a partir da segunda metade do século XX, uma nova onda de melodramas surgiu e junto a ela uma visão diferente dos críticos e apreciadores de cinema, que validaram o gênero como uma “forma de expressão popular e crítica da sociedade” — como traz o texto da curadoria da mostra de melodramas romanescos.

O Casamento de Maria Braun (1979), dir. Rainer Werner Fassbinder

Uma leva de filmes melodramáticos mais críticos e ligados à realidade social trouxeram um ar mais cult para o gênero e expuseram um lado visceral das emoções humanas e da conexão delas com a sociedade em que vivemos. Em meio a problemas, desigualdades, medos e anseios, o amor sobrevive em todo ser humano, se expressando de inimagináveis maneiras. A relação interna tão conflituosa se espelha muitas vezes num mundo exterior tão turbulento quanto. São essas tramas que os filmes escolhidos pela mostra de 2025 trarão para o público. Segundo a curadoria, essas são “histórias de desejo, dor e resistência, que desmontam o romantismo do melodrama clássico e revelam as ruínas daquilo que parecia ideal.”

Diversas perspectivas sociais são questões-chave dos conflitos principais dos filmes da motra. Desde racismo a desigualdade de gênero, passando por desigualdade social e outras temáticas bastante atuais serão abordadas sob o olhar de cineastas de diversas partes do Brasil e do mundo. Mesmo com apenas 12 filmes, a seleção abrange uma gama diversa de visões a respeito do mundo íntimo dos sentimentos humanos mais primitivos, relacionados aos temas mais presentes na vida em sociedade dessas pessoas. “São filmes que mostram personagens muitas vezes marginalizados, em conflitos sem saídas fáceis, e que usam o próprio exagero como forma de crítica”, ressalta o texto da curadoria. Isso torna mesmo os filmes mais antigos ainda muito relevantes e propensos a gerar debates muito profícuos. Essa é também uma das finalidades da mostra, afinal de tudo. E por isso, o evento será um momento muito proveitoso para quem gosta de cinema, debate e está disposto a acompanhar os dramas críticos oriundos de uma sociedade humana nem sempre tão perfeita como o cinema clássico hegemônico tenta pregar.

Felizes Juntos (1997), dir. Wong Kar-Wai

Sintam-se convidados a participar da 3ª Mostra Cineclube Cinemateca UFS. Acompanhe também através do nosso site as críticas e discussões a respeito dos filmes da mostra que sairão em breve — todos estarão indicados. E se você não for de Aracaju ou região, essa lista serve como sugestão e dever de casa para quem é amante do cinema e busca uma experiência de fomento à consciência crítica através da arte cinematográfica.

Gabriel Santana
Agradecimento: Ayalla Anjos, coordenadora de comunicação da mostra

Como já mencionado, a mostra acontece de 15 a 18 de maio:
📍 15 e 16/05 — sessões na UFS, Campus São Cristóvão
📍 17 e 18/05 — sessões no Espaço Cultural Yázigi, em Aracaju

Abaixo está a programação completa da mostra, com os filmes escolhidos pela curadoria e os horários e local de exibição de cada um deles:

15 DE MAIO – QUINTA
Local: Sala de Projeção — Did VI (sala 101) — UFS
10h — A Mulher Que Inventou o Amor (Dir. Jean Garrett. Brasil, 100 min, 1980)
11h40 — Debate com curadores Victor Cardoso e Rafael Maurício
17h — Phoenix (Dir. Christian Petzold. Alemanha/França/Polônia, 98 min, 2014)
19h — O Casamento de Maria Braun (Dir. Rainer Werner Fassbinder. Alemanha, 120 min, 1979)

16 DE MAIO – SEXTA
Local: Sala de Projeção — Did VI (sala 101) — UFS
10h — Compasso de espera (Direção: Antunes Filho. Brasil, 93 min, 1973)
11h35 — Debate com integrantes da Cinemateca

Local: Centro de Vivência da UFS — UFS
17h — Os guarda-chuvas do amor (Direção: Jacques Demy. França/Alemanha, 92 min, 1964)
19h — Imitação da vida (Direção: Douglas Sirk. EUA, 125 min, 1959)

17 DE MAIO – SÁBADO
Local: Espaço Cultural Yázigi
Rua Vereador João Calazans, 494, bairro 13 de Julho
14h — Carta de uma desconhecida (Direção: Max Ophüls. EUA, 87 min, 1948)
17h — A Negra de… (Direção: Ousmane Sembène. Senegal/França, 65 min, 1966)
19h — A prisioneira (Direção: Chantal Akerman. Bélgica/França, 118 min, 2000)

18 DE MAIO – DOMINGO
Local: Espaço Cultural Yázigi
Rua Vereador João Calazans, 494, bairro 13 de Julho
14h — Losing ground (Direção: Kathleen Collins. EUA, 86 min, 1982)
17h — Bom dia, Tristeza (Direção: Otto Preminger. EUA/Reino Unido, 94 min, 1958)
19h — Felizes juntos (Direção: Wong Kar-Wai. Argentina/Hong Kong/Japão/Coreia do Sul, 96 min, 1997)

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