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Robô Selvagem [Crítica]

Assim como minha última crítica, preciso ressaltar que a minha nota para o filme vai muito além somente de suas qualidades cinematográficas, mas diz respeito muito mais a minha experiência. Nesse sentido, antes de falar propriamente do filme, queria compartilhar como foi a minha assistida desse filme. Aconteceu uma coisa interessante e que jamais havia acontecido comigo antes, eu tive uma sessão do cinema só pra mim. Do meu completo desinteresse, essa obra me conquistou após eu pesquisar um pouco mais a seu respeito e com a sua longa permanência em cartaz, quis aproveitar a chance de apreciá-la no cinema nas minhas férias. E que decisão correta foi essa. Além da minha experiência exclusiva, ainda pude apreciar um filme que realmente me tocou e que mereceu o meu tempo.

Na trama conhecemos uma robô que, por alguma razão, foi para numa ilha inóspita e totalmente selvagem. Sem uma programação específica para lidar com o ambiente inusitado, a robô precisa reaprender a lidar com os habitantes do local à sua maneira, reescrevendo por si própria sua programação original. Como um ser estranho no ambiente, ela sofre grande resistência da população local, mas aos poucos consegue encontrar companheiros inesperados graças ao seu carisma e proatividade peculiares. Assim, ela acaba ganhando uma tarefa que nunca poderia imaginar que seria requisitada, a de ser uma mãe.

Quando vi as primeiras imagens do filme achei que se tratava de uma produção qualquer e quase não dei atenção. Depois de algumas vezes ignorando a obra, percebi que se tratava de uma produção da DreamWorks e aí comecei a me interessar um pouco mais. Depois de descobrir os responsáveis pela produção e sabendo do histórico respeitável de sua produtora, percebi que podia se tratar de uma obra bem mais interessante do que eu havia julgado à primeira vista. E já adianto que eu acertei em mudar esse meu prejulgamento a respeito do longa. Tanto em questões técnicas, quanto artísticas, posso afirmar que esse, com certeza, entrará na seleta galeria de acertos exemplares da produtora do Shrek.

Em relação ao filme como obra em si, consigo enxergar uma quantidade esmagadora de pontos positivos frente aos negativos. Para começar, acredito que as particularidades da relação entre a tecnologia e a natureza na obra são muito bem exploradas. Muitas situações e conflitos interessantes e até mesmo engraçados são apresentados na obra. O seu desenvolvimento inicial é ágil e se por um lado algumas coisas poderiam ser melhor abordadas, por outro lado, o filme ganha tempo para um desenvolvimento de questões que vão ser exploradas mais à frente. Os personagens são muito carismáticos e acredito que isso já nos prenda bastante já de início, sem contar com a parte técnica, que nem preciso discorrer tanto para dizer que é magnífica.

Com o desenvolvimento da relação central, questões relacionadas a maternidade e ao desenvolvimento do laço familiar são apresentadas de maneira muito tocante. E isso vindo de uma relação bastante peculiar ainda acrescenta alguns pontos de originalidade. Não vou dizer também que a gente nunca viu nada parecido a isso em nenhum outro lugar, mas posso garantir que aqui essa premissa e principalmente o seu desenvolvimento são exemplarmente apresentados. Há sim certas forçadinhas do roteiro, mas se tratando de um ambiente e uma temática bem fantasiosa por si só, essas pequenas influências não chegam a ser incômodas.

No que diz respeito a sua estrutura, como já mencionei, a sua apresentação é bem ágil e até mesmo rápida. Pelo menos essa foi a minha sensação. Após isso temos um desenvolvimento coeso e bem cativante, com as problemáticas sendo bem explicitadas e desenvolvidas, mesmo que não haja um grande aprofundamento em relação a elas. O que eu quero dizer é que o filme não gasta tempo com problemas pequenos – vamos dizer assim – e parte logo para as questões mais importantes. Isso já pode ser uma surpresa interessante para o espectador. Além disso, sua estrutura apresenta alguns clímaces em sua duração e isso me causou uma boa experiência com a obra. A todo momento, quando eu pensava que já estávamos nos aproximando do fim, aparecia algo novo e maior e mais emocionante acontecendo em tela. Gostei bastante disso. Não que seja nada espetacularmente original, mas só essa pequena fuga na linearidade convencional nos traz um pequeno brinde para a assistida.

Além da própria mensagem central, sendo esse um bom filme para ser assistido por pais e filhos juntos, o longa ainda nos traz boas reflexões por meio da verbalização de seus personagens. Lembro que algumas frases me tocaram bastante, mesmo que minha memória tenha me traído agora. Mas sei que elas carregavam uma profundidade que seria entendida de maneira diferente a depender da sua faixa etária. Mas todas elas vão se conectar através do elemento primordial do amor, que por acaso se apresenta de maneiras diversas nesse filme. Seja a amizade, o companheirismo, a maternidade, tudo é muito bem emocionalmente afetante aqui, o que, claro, me fez derramar algumas lágrimas, ainda mais que eu ando bastante emotivo ultimamente.

Como já citei, a parte técnica é maravilhosa. A animação é impecável e sua trilha sonora também. Aliás, tem uma música que aparece de surpresa e que consegue transmitir um sentimento forte em um determinado momento da trama. Ela me tocou bastante e ajudou a disfarçar umas coisinhas que haviam me intrigado um pouco no filme. Essa coisinha diz respeito a como certos personagens são muito prestativos ao que o roteiro exige em certos momentos. No geral, acredito que seja o único lugar com uma artificialidade mais aparente. E se tratando de um filme que tem um robô como protagonista, isso não apresenta qualquer prejuízo notável para o longa.

Enfim, esse para mim foi um filme emocionante, muito divertido e até mesmo surpreendente, seja pela quebra das minhas expectativas iniciais, seja pela própria quebra dos padrões estruturais da obra. Confio que ele possa aparecer na temporada de premiações do próximo ano e acredito ainda que ele mereça essa sua grande repercussão positiva, se tornando mais um clássico do cinema de animação contemporâneo.

Nota do autor:

Avaliação: 4.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalThe Wild Robot
Lançamento2024
País de OrigemEUA
DistribuidoraUniversal Pictures
Duração1h42m
DireçãoChris Sanders

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