Categorias:

Outros posts:

Gremlins [Crítica]

Por mais que eu conhecesse os personagens icônicos dessa obra de 1984, eu nunca havia parado para assistir o filme de origem desses bichinhos. Enfim, agora que me deparei novamente com essas ferinhas por pura coincidência, decidi que deveria ver o clássico filme de origem dos Gremlins. Pra falar a verdade, bastante coisa aqui me surpreendeu, mesmo que no todo ainda haja inconstâncias e estranhamentos e não somente por causa das criaturinhas, mas por parte do próprio filme em si.

A história nos apresenta à uma criaturinha esquisita que é dada de presente por um pai para o seu filho como bichinho de estimação. Só que juntamente com o ser peculiar, recomendações tão peculiares quanto são passadas ao seu novo dono. Por mais que essas recomendações tenham sido esclarecidas veementemente, obviamente que elas teriam que ser descumpridas para que o filme ganhasse a ação necessária e a partir daí o longa adquire uma atmosfera bem diferente do que de início se poderia imaginar, pelo menos a meu ver.

Começando pelos dois pontos principais que me surpreenderam positivamente na obra, acho que o que mais me chamou a atenção foi a ousadia dos realizadores de mostrar coisas até que pesadas de uma forma bastante impressionante para a época. Além disso, há ainda uma virada brusca de clima do meio para o final que me proporcionou alguns sustos sinceros. A maneira como o caos toma conta de todo o desenrolar final do filme consegue ser cativante e assustador, em partes, e o tom sarcástico que perpassa toda a obra através das criaturinhas grotescas ainda é capaz de trazer toques de humor por toda a experiência, por mais que certos pontos tenham ficados datados e outros nem sejam tão perspicazes quanto os demais.

Assim como a ousadia dos realizares para lidar com suas criaturas únicas, que foi responsável por marcar os seus personagens como ícones do gênero até os dias atuais, outro ponto bastante elogiável é a parte técnica e os efeitos práticos e especiais empregados na obra. A sua realização é bem feita em quase todos os momentos e, pra mim, nunca deixou de parecer crível. Mesmo que certos truques e efeitos sejam perceptíveis, a sua realização primorosa oculta alguns probleminhas de falta de realismo e, por causa da suspensão da descrença proporcionada pela imersão na narrativa, conseguimos mergulhar a fundo nas sequências caóticas da obra, proporcionadas pelos pequenos demônios de estimação.

Uma cena que me marcou bastante no filme foi a cena do bar, onde, além de já possuírem sua própria carga de protagonismo no filme, os Gremlins ainda assumem personalidades heterogêneas e proporcionam momentos cômicos e divertidos de uma maneira que me foi bastante inusitada. Em momento algum os monstrinhos são tratados como vilões, mas apenas anti-heróis que seguem sua natureza caótica e que por causa dela não tem qualquer senso de humanidade ou zelo para com a sociedade ao seu redor. As suas interações com os humanos são a prova disso. E as interações dos humanos para com eles, aqui no filme, parecem ser ainda mais condizentes com uma possível realidade, mesmo que cheguem de maneira brusca e impactante, de certa forma, a meu ver.

Como um filme dos anos oitenta, há, porém, certos pontos que me incomodaram no que diz respeito ao desenrolar da narrativa, que se arrasta lentamente em certas partes em contraposição ao caos que se esperava da situação abordada. De início, achei que o longa é bastante perspicaz e reserva o tempo correto para apresentar os personagens, o seu mundinho e preparar-nos para as possíveis consequências futuras, mesmo que boa parte do nosso receio venha apenas da nossa imaginação. Mesmo assim, quando as primeiras esquisitices aparecem, o filme ainda caminha lentamente, desenvolvendo uma tensão e um suspense bem gostosos, sendo nessa parte que os sustos que eu tive na minha experiência se concentraram. Após esse primeiro ato e início do segundo envolventes, achei que a obra perdeu um pouco do seu gás inicial com uma resolução um pouco trôpega e bem mais lenta do que uma obra dessas pediria, pelo menos num contexto atual. Sei que não se deve julgar um filme antigo com as noções de hoje, mas reconheço que o meu estranhamento e insatisfação tenham partido desse fato.

A obra aborda ainda algumas questões interessantes como a xenofobia, a independência e o amadurecimento, mesmo que nunca de forma tão profunda e assertiva. Acredito que a questão da xenofobia para com o que “vêm de fora” tenha muito a ver com o contexto de produção da obra, sendo que a todo momento os Gremlins são ressaltados como seres exóticos e provenientes do exterior. O contexto mundial da Guerra Fria pode ser um dos motivos para essa espécie de campanha contra o exterior. Mesmo que isso não tenha grande importância narrativa, a mensagem que esse ponto acaba passando, juntamente com um personagem que repete regularmente seu asco pelo estrangeiro, acabam provocando um certo receio pelo “outro”, pelo “de fora”. Enfim, isso não parece nem ser tão importante para o filme como um todo, mas é uma questãozinha que me ficou martelando e que eu gostaria de deixar aqui também, aproveitando o espaço.

No mais, a obra me pareceu ainda bem legal, mesmo com seus momentos meio lentos e outras coisinhas meio clichês que, como já mencionei algumas vezes em análises anteriores, são fruto dos produtos posteriores que se inspiraram nos clássicos e não necessariamente um problema dos filmes antigos. Mesmo com um enredo simples, o desenvolvimento caótico e as consequências inesperadas que vão se sucedendo dão um sabor agradável para uma experiência despreocupada e despretensiosa com a obra.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalGremlins
Lançamento1984
País de OrigemEUA
DistribuidoraWarner Bros. Pictures
Duração1h46m
DireçãoJoe Dante

Onde Assistir?


Voltar

Obrigado pela opinião! ❤️

Atenção

Navegação:

Posts Recentes:

Anúncios

Deixe um comentário

Anúncios