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Deu a Louca na Chapeuzinho [Crítica]

Depois de já ter muito ouvido falar e ter visto inúmeros memes e momentos icônicos dessa obra clássica, por assim dizer, decidi finalmente assistir a esse filme. “Deu a Louca na Chapeuzinho” tenta ser um “Shrek”, só que com muito mais vontade do que orçamento e isso traz certas peculiaridades para a obra, sendo algumas positivas e outras nem tanto. De todo modo, por ser um filme tão curtinho e recheado de momentos icônicos de tão alucinados, é uma experiência, de todo modo, divertida. Tanto pelas boas sacadas cômicas, quanto pelas que ficaram tão ruins que se tornaram engraçadas. Ressalto ainda que eu assisti à obra dublada para experienciar a icônica versão brasileira do filme.

A floresta vive um enorme problema quando os estabelecimentos comerciais do ramo alimentício estão sendo atacados e obrigados a fechar, restando apenas o clássico bazar de doces da Vovozinha, avó de Chapeuzinho Vermelho. Para piorar ainda mais a situação, o Lobo, tentando investigar mais a fundo a situação, acaba se envolvendo num episódio inesperado. É quando a polícia precisa intervir e o inspetor Nicky Pirueta entra no caso e inicia uma complexa investigação para tentar encontrar o culpado de todo esse desequilíbrio social.

Utilizando-se de uma premissa clássica, tão enraizada no conhecimento popular como um dos contos de fada mais amplamente difundidos, o filme satiriza muito do conteúdo original, buscando extrair humor de todos os cantos dessa obra. Como já adiantei, ele realmente consegue fazer isso, mesmo que não de forma homogênea, mas consegue. Acompanhar uma perspectiva totalmente diferente da que estamos acostumados é muito interessante e sempre reserva surpresas para a narrativa dessa obra. Seus realizadores sabem lidar bem com isso, mas não conseguem chegar a um nível tão perspicaz como o de “Shrek”, que além de brincar com o clássico também consegue desenvolver sua própria personalidade e criar uma narrativa que se apoia no conhecimento prévio para ir além, de forma surpreendente, mesmo nunca deixando de ser um conto de fadas.

Parece que até aqui eu falei melhor de “Shrek” do que do filme que é objeto central desse texto. Contudo, a correlação é quase imediata com a outra obra. Mas focando em “Deu a Louca na Chapeuzinho” – e que título é esse, pelo amor? – temos aqui uma obra que brinca com o clássico, mas não vai além, como é o caso citado anteriormente. A maneira como os realizadores encontraram para desenvolver a narrativa da obra não se sustenta no clássico, mas se utiliza dele como pano de fundo para desenvolver uma comédia em cima. O ponto é que não utilizaram todo o potencial na forma de sátira e paródia, mas pegaram aquilo que já conhecemos e remixaram, de certa forma, para caber uma trama de aventura completamente aleatória. No final, isso aqui se tornou uma mistureba que é difícil até mesmo de analisar.

Já que estamos esvaindo os aspectos narrativos e temáticos, vamos tentar analisar a parte técnica da obra. Aqui entramos num terreno complicado para o filme. Como eu destaquei logo de início, temos aqui um filme com um orçamento bem enxuto – enxuto até demais. A animação é meio travada, típica de um desenho animado de TV do início da década de 2000. Só que isso em 1 hora e 20 de duração. É possível perceber vários aspectos técnicos que deixam a obra feia e estranha como a animação da movimentação dos personagens, a movimentação de câmera, a textura dos objetos – principalmente da água – e tantas outras coisas. O mais bizarro é que esse aspecto trash da obra combina com seu conteúdo e depois de algum estranhamento inicial você acaba se acostumando e se deixando levar. Só que, pelo menos para mim, isso dura até quando algum movimento estranho dos modelos 3D salta aos olhos novamente e torna a experiência ainda mais engraçada, curiosamente.

Outro ponto importante que eu também já havia mencionado é que eu assisti o filme dublado e aproveitei uma experiência ainda mais cativante com a primazia da dublagem brasileira. Eu amo filmes dublados e não tenho nenhum problema de perder a originalidade da atuação dos atores em filmes de Live-action. Mas se tem um tipo de filme que praticamente não perde em nada com a dublagem são as animações e nesse caso isso ainda é mais escrachado. A dublagem se superou na adaptação das piadas e na interpretação das que já vieram prontas da versão original. É um exemplar de filme para se ver dublado até mesmo por quem é chatinho com essa questão.

Voltando à temática, acredito que o modo como os realizadores utilizaram a história clássica poderia ter sido melhor desenvolvido para encaixar uma narrativa coesa contextualmente. Mas aparentemente não é bem isso que o filme queria ou somente simplesmente não alcançou. O que fica, no fim, é que a partir de certo ponto do filme não importa mais o universo no qual estamos inseridos e se ele faz ou não parte de um conto de fadas tão clássico porque a narrativa já se dissociou tanto que estamos acompanhando o desenrolar somente pelo carisma de seus personagens e pela curiosidade a respeito das circunstâncias malucas que o roteiro os inseriu. De todo modo, novamente, isso acaba deixando o filme ainda mais estranhamente cativante.

Para mim não tem jeito. Essa obra é muito engraçada. Mesmo inconstante em seu aspecto cômico, como eu falei, é um filme ótimo e bem curtinho para assistir com os amigos e ficar de zoação. É um momento canônico na vida de quem gosta de ver um filme com uma galera para zoar as bizarrices que o cinema pode nos proporcionar. Esse filme parte de um ponto tão bom e se perde tanto no final que eu fiquei até com dificuldades para dar uma nota para a minha experiência. É uma obra tão estranhamente divertida e alucinante que a minha nota final ficou balançando em uma linha muito tênue entre o “muito bom” e o “muito ruim”, mas uma nota média descreve, para mim, o que fica do sabor final. E espero que o que eu escrevi explique bem os motivos e descreva, a sua maneira, o que é esse longa.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalHoodwinked!
Lançamento2005
País de OrigemSérvia e Montenegro/EUA
DistribuidoraThe Weinstein Company
Duração1h20m
DireçãoCory Edwards, Todd Edwards, Tony Leech

Onde Assistir?
(não oficial)


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