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O Castelo Animado [Crítica]

Essa é uma clássica obra do Studio Ghibli e que já estava fazendo aniversário na minha watchlist. Assim, quando organizei alguns filmes para assistir numa viagem que fiz, decidi finalmente dar uma chance para essa obra já tão aclamada. Tenho que dizer que não me tocou tanto quanto outros clássicos – talvez pela falta de nostalgia ou apego prévios – mas como uma primeira experiência com a obra, acho que é um filme digno das honras e bem bacaninha.

Acompanhamos a jornada inesperada de uma simples artesã que trabalha numa loja de chapéus que de repente dá de cara com um universo mágico e fantástico através de um feiticeiro por quem se apaixona. No meio disso tudo, ela ainda acaba se tornando peça central de problemas muito maiores do que ela poderia imaginar e encontra acolhida em um ambiente impresumível. Acredito que, de certa forma, essa premissa se assemelha bastante ao de “A Viagem de Chihiro” e isso eu só me toquei agora escrevendo, mas essa obra consegue ser bastante distinta, ao mesmo tempo, e criar sua própria mitologia e universo próprios, mesmo não perdendo o mesmo toque clássico das animações do estúdio.

O que me pareceu, à primeira vista, é que esse filme é um conto de fadas, assim como os tão clássicos dos estúdios Disney, só que partindo de uma mitologia e ideário diferentes e bem mais desconhecidos. Aqui tenho que me desculpar pela falta de conhecimento a respeito das concepções mais profundas e complexas da obra. Mas, depois dessa espécie de disclaimer, o que eu gostaria de ressaltar, não querendo comparar ou classificar as obras em questão, é que o filme me pareceu seguir um desenrolar bem aprazível, numa pegada bem clássica. Isso me proporcionou uma assistida leve e sem muitos estranhamentos, mas também trouxe uma certa previsibilidade que diminuiu alguns pontinhos da minha experiência.

Voltando à questão da mitologia e principalmente em relação à estética do filme, tenho que admitir que essas foram as questões que mais me encantaram na obra. A animação eu já sabia que era impecável e deslumbrante, até mesmo pelos meus outros contatos com obras similares, mas o universo criado aqui é bastante único e seus personagens são bem carismáticos. Aproveitando que toquei no ponto dos personagens, está aí um outro aspecto que me fez assimilar essa obra como uma reconstituição de clássicos, mesmo que enquadrada em uma embalagem diferente. Seus personagens são bem característicos, com um mascote – ou dois – a mocinha, o vilão, o mocinho, o ajudante e assim vai. Mesmo que esses se alterem e se transformem, tudo parece bem dentro do previsível.

Aqui tenho também que falar do que me incomodou na obra. A maneira como os personagens lidam com suas problemáticas e a maneira como a narrativa expõe essas problemáticas. Os problemas grandes parecem se tornar secundários a vista que percalços simplórios surgem, os personagens parecem agir de forma descuidada com situações hostis, personagens se transformam de uma maneira inexplicável e mudam de perspectiva abruptamente, influenciando inclusive no desfecho da trama. O desfecho realmente foi a parte menos interessante para mim. Tenho que admitir que eu curti muito mais o desenvolvimento da obra do que a sua conclusão. Para mim passou um ar de facilitação e resolução simplória do roteiro. Reconheço que parte disso tudo pode partir da minha falta de contato próximo com histórias assim, mas como de resto o filme me pareceu seguir muito do clássico, aqui ele perdeu um pouco do meu engajamento.

Mas, dito tudo isso, nada realmente me fez desgostar da obra como um todo. E nada além dessas minhas implicâncias se sobressai negativamente no filme. Para atenuar ainda mais esse sentimento que tive, lembro-me que em “A Viagem de Chihiro” eu só comecei a desfrutar da obra a partir da metade final quando eu me desprendi de buscar significados e lógicas internas que o filme nem sequer tentou apresentar. Assim, aqui eu só me joguei e fui aceitando o desenrolar dos fatos, mesmo que esses, dessa vez, tenham sido mais prenunciáveis do que eu gostaria.

Avançando um pouco mais para as entrelinhas da obra, acredito que a mensagem antibélica é legal e bem introduzida, tanto tematicamente, quanto visualmente, mas a maneira abrupta que a conclusão e resolução são apresentadas torna a me causar certo decréscimo no aspecto geral. Além disso, novamente tocando em pontos de obras clássicas, a maneira como o amor e a compaixão são a chave temática da narrativa é tocante e sempre funciona, de uma forma ou de outra. É o que sempre vemos, de formas e embalagens diferentes, mas sempre um final de conto de fadas, com beijo na boca do “sapo” e tudo.

A forma como eu comecei o texto pode parecer que eu não gostei do filme, mas não foi minha intenção menosprezar a obra. Reitero que consigo enxergar muita qualidade e muito da beleza que possivelmente encantou os fãs dessa produção, mas ressalto que para mim, seja pelos motivos que já havia citado, seja por quaisquer outros, esse filme não foi tão cativante quanto eu até mesmo gostaria que tivesse sido. Está aí uma outra possível razão! Expectativas sempre pioram a experiência quando não são alcançadas, mesmo que a experiência não tenha sido ruim. Enfim, um belo filme.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalHauru no ugoku shiro
Lançamento2004
País de OrigemJapão
DistribuidoraWild Bunch
Duração1h59m
DireçãoHayao Miyazaki

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