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Ex Machina – Instinto Artificial [Crítica]

Havia um bom tempo que eu queria assistir esse filme, mas ele já estava fazendo aniversário na minha watchlist. A premissa e a temática haviam me interessado bastante e agora que eu ia precisar utilizar essa obra como objeto de estudo de um trabalho para a faculdade eu uni o útil ao agradável e fui assistir. Ao final dessa assistida, achei um filme muito interessante e que abre muito espaço para discussões de um assunto que cada vez mais vai se tornando cotidiano. Além disso, assistir ao filme conversando com alguém ainda tornou minha experiência muito mais produtiva.

Numa realidade não muito determinada, mas também não muito distante, um jovem programador é selecionado para participar de testes com uma nova Inteligência Artificial desenvolvida por um milionário magnata do ramo das tecnologias. Ao chegar ao local onde vai ficar hospedado durante os testes, Caleb – o jovem programador – começa a descobrir que o seu trabalho é um pouco mais complexo e ambíguo do que ele poderia imaginar. Além do temperamento instável do seu anfitrião, seu relacionamento com Ava, a androide testada, se torna cada vez mais íntimo e incerto.

Um dos pontos que me tocaram mais rapidamente no filme foi o rápido ato de apresentação. O longa não perde tempo com o desenvolvimento de um background para os personagens, mas já os coloca em ação num desenvolvimento precoce. Mas isso não torna o filme menos interessante ou a nossa identificação é fragilizada. Ao contrário. Por utilizar estereótipos e personalidades muito facilmente identificáveis na vida real, os personagens do filme conseguem refletir muito bem pessoas reais e isso torna o longa ainda mais crível. O elemento de sci-fi que é introduzido na trama também é muito bem correlacionado com a nossa realidade, ainda mais com os 10 anos do lançamento do filme, que deixa a história ainda mais contemporânea nos dias atuais.

Os feitos técnicos aparecem muito bem na produção, sem causar nenhum estranhamento. Os elementos futuristas e tecnológicos já não têm nada de irreais e a ambientação é bastante aceitável. Além disso, a personificação humanoide da robô que é personagem central da trama é bastante coerente com o contexto e a situação interna da narrativa. Isso tudo me fez imaginar tudo aquilo como real muito mais facilmente. Complementa esse meu sentimento as questões filosóficas e sociológicas que o filme traz para à discussão.

No tocante a esse respeito, o que mais me agradou desse filme foram as discussões que eu tive com meu amigo quando assistimos ao filme juntos. Isso favoreceu bastante o meu apreço pela obra. Claro que as discussões filosóficas não chegam nem perto de obras como “Ghost in the Shell” de 1995, por exemplo, que já traziam esse tema com uma complexidade muito maior ainda no século passado, mas abrem horizontes interessantes para se imaginar um futuro repleto de I.A.s e humanos convivendo, em harmonia ou não. A questão da possibilidade de uma máquina alcançar a consciência plena já é tratada na realidade, mas ainda gera muito receio. Aqui eu não vou trazer à tona todas as reflexões que a gente discutiu enquanto assistíamos, mas encorajo que quem se interessar pelo tema assista à obra, nem que seja para realizar esse exercício imaginativo.

Na trama específica desenvolvida na obra, além da agilidade narrativa e dos temas interessantes abordados, um outro aspecto que me chamou bastante atenção foi a relação de dicotomia que é geralmente frequente em narrativas clássicas, mas que aqui é questionada de maneira perspicaz. Claro que podemos estabelecer modelos clássicos para os personagens desse filme, mas acredito que é justamente o oposto que torna a obra mais interessante. Não há, mesmo que à primeira vista possa parecer claro, uma relação entre bem e mal ou vilania e heroísmo aqui. Todos os lados podem ser facilmente compreendidos e até mesmo a problemática não existe por questões simplesmente morais ou altruístas, mas simplesmente lógicas, assim como o funcionamento de uma máquina que – ao menos até agora – funciona por comandos e resultados. Isso foi o que ficou como tocante final ao tema quando eu acabei de assistir ao filme.

Enfim, essa foi uma obra muito legal e que me fez refletir muito a respeito do nosso mundo e do contexto tecnológico que alcançamos. Até mesmo questões sociais foram trazidas à tona na minha experiência e isso tudo melhorou muito a história. Em questões de narrativa, a desenvoltura eficiente da trama ajudou ainda mais à apreciação satisfatória do longa. Tudo isso me fez gostar bastante da obra e me interessar ainda mais pelo debate que temos na realidade a respeito do tema. Para mim, foi um filme bem legal e realmente interessante de se assistir, daqueles que passam num piscar de olhos. E só mais uma recomendação final: caso interesse, assista-o com algum amigo que também curte essas ideias mirabolantes pois o debate com certeza vai engrandecer bastante a experiência cinematográfica.

Nota do autor:

Avaliação: 4 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalEx Machina
Lançamento2014
País de OrigemReino Unido/EUA
DistribuidoraA24
Duração1h48m
DireçãoAlex Garland

Onde Assistir?
(aluguel)


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