Que filme fofo. Essa é uma das animações mais tocantes e excêntricas que eu já vi. Além da linda técnica de animação, temos uma trama cativante e que é capaz de nos transmitir uma relação de amizade da forma mais pura possível, sem a necessidade de uma fala de “expositividade” sequer no filme.
Pra começar, temos um universo muito interessante habitado por animais antropomórficos. A representação das pessoas como animais ajuda a criar uma mistura colorida e fofa para o filme. No meio disso tudo, conhecemos um doguinho solitário que anseia por uma amizade. Após descobrir na TV um robô que poderia suprir sua necessidade, ele não demora para adquirir um exemplar. Com o passar do tempo a amizade vai crescendo e a relação se fortificando, até que ambos têm que reaprender a viver longe um do outro.
A técnica de animação 2D é muito bonita e colorida e traz vida para um universo maravilhoso. Acredito que essa é a responsável por nos manter presos ao filme pois o longa não apresenta nenhuma fala dos personagens durante toda a duração. Assim, temos que nos fixar aos acontecimentos e as ações deles como nos clássicos desenhos animados de antigamente. De certa forma essa nostalgia até agrega à experiência da obra, mas pode afastar um outro público que está acostumado às animações cada vez mais frenéticas da atualidade.
O filme brinca com o quadro e com a linha cronológica dos fatos sem perder muito tempo com explicações didáticas disso tudo. A obra segue sua linha emocional mais do que propriamente cronológica. Assim, somos carregados por uma história de amizade com dois lados bem desenvolvidos e com surpresas interessantes para uma obra do gênero. O teor, por mais que se trate de uma animação e de um mundo fantástico, apresenta um desenrolar realístico para os acontecimentos. Tudo daquilo poderia muito bem acontecer numa relação comum entre dois humanos e isso até faz com que a nossa empatia seja fisgada com maior facilidade.
O desenrolar é surpreendente por vários motivos e a história vai caminhando para um desfecho bonito, mas inesperado. Nisso tudo, percebemos boas mensagens sobre a nossa própria vida e como nem tudo precisa sair perfeito no final das contas. É uma finalização que é tocante mas que foge do que poderíamos pensar no início. A relação criada e a independência no desenvolvimento de cada um dos personagens deixa a história com mais camadas. Por mais que possa parecer meio contraintuitiva, à primeira vista, a fábula apresenta uma camada mais profunda do que imaginamos e revela uma relação possível e bastante tocante. Tudo isso envolto em uma embalagem colorida e divertida que enche os olhos e diverte sem fazer esforço e sem perder sua leveza e beleza na simplicidade.
Sem dúvidas essa é uma experiência diferente e que é capaz de tocar cada pessoa de uma forma única e especial. Os acontecimentos que presenciamos são muito palpáveis e facilitam nossa imersão e apego ao universo e aos seus personagens. Uma produção bem realizada e uma obra marcante e encantadora, sem precisar reinventar a roda ou temer buscar outras animações como referência. Tudo parece agregar para um filminho simpático e bem comovente.
Nota do autor:
Gabriel Santana

| Título Original | Robot Dreams |
| Lançamento | 2023 |
| País de Origem | Espanha/França |
| Distribuidora | Canal+ |
| Duração | 1h42m |
| Direção | Pablo Berger |
Onde Assistir?





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