Categorias:

Outros posts:

O Exorcista [Crítica]

Considerado um dos maiores e mais importantes filmes de terror de todos os tempos, “O Exorcista” apresenta tudo o que podemos esperar dele. Na minha experiência, essa característica de familiaridade acaba afastando um pouco do terror da obra, mas, felizmente, o filme tem mais conteúdo para, ainda hoje, ser uma visita agradável – ou desagradável – à um clássico influente no gênero até os dias de hoje. Mesmo não me afetando tão profundamente no terror, o longa é impressionante por muitas outras qualidades técnicas e ainda se mostra muito superior à maioria dos filmes de possessão genéricos que surgem todos os anos.

Na trama somos ambientados à casa de uma famosa atriz que vive com sua filha numa vida tranquila até alguns episódios estranhos começarem a acontecer na residência. A sucessão de acontecimentos bizarros que a filha sofre vão gradativamente ganhando um ar cada vez mais sobrenatural, mesmo com o ceticismo da mãe buscando afastar qualquer tipo de solução anticientífica. Após uma jornada exaustiva de tentativas falhas, a única opção restante carrega consigo uma explicação perturbadora para a circunstância em questão.

Acima de tudo, “O Exorcista” é um clássico extremamente influente para o gênero. São tantas referências que os filmes mais recentes adotaram que remetem a essa obra precursora que a sensação que fica em certos momentos é que a gente já viu aquelas cenas muitas vezes. Mesmo que eu nunca tivesse tido coragem de assistir esse filme antes, a familiaridade inconsciente que eu tive com essa obra me fez não me assustar com praticamente nada. Até mesmo as cenas clássicas que nós já conhecemos porque são expostas à exaustam como exemplos do terror não me causaram mais nenhum efeito apavorante.

Toda a expectativa que eu criei para assistir essa obra, aliado a um conhecimento demasiado dos clichês e referências que essa obra popularizou, me proporcionaram uma experiência enviesada do filme. Isso acabou prejudicando, não minha imersão, mas a forma como o filme desenvolveu a atmosfera aterrorizante ao longo da sua duração. Para citar um exemplo contrário de como o terror ficou um pouco datado, achei que a trilha sonora poderia ser mais bem utilizada nesse filme. O tema clássico do filme só aparece em uma única oportunidade, o que me pareceu uma moderação desnecessária. Talvez isso tenha acontecido para manter ao máximo possível um ar de realismo, que a obra realmente consegue alcançar, mas o nosso costume de ouvir a trilha subir o tempo todo nos sustos clichês acaba expondo uma tendência atual que nós já absorvemos e sentimos falta num filme dessa época, pelo menos no meu caso.

Por outro lado, algo que me surpreendeu foi o ótimo desenvolvimento dramático da obra. Toda a jornada que a mãe percorre para tentar ajudar a filha é bastante realista e cativante. É algo muito crível e agoniante quando nada parece dar certo e as possibilidades vão se fechando para uma resolução improvável. Essa característica de desgaste psicológico foi, de longe, o que mais me afetou no filme. Mesmo havendo cenas realmente sinistras – bem sinistras, pra falar a verdade – elas não foram capazes de me assustar. Assim, o terror saiu da parte física e passou apenas para a parte psicológica. Isso faz uma metade importante da obra – a parte técnica – ser reduzida na experiência final.

Por falar da parte técnica, mesmo ela não me afetando profundamente, é necessário exaltar sua realização magistral para a época. Os efeitos técnicos e especiais práticos são excelentes e conseguem parecer reais até mesmo hoje, superando diversos efeitos de CGI atuais. Conhecendo os bastidores do filme, as peripécias da produção parecem ainda mais surpreendentes e tornam a obra ainda degustável, mesmo que os outros elementos citados anteriormente prejudiquem a experiência amedrontadora da obra.

Em relação à história, muita coisa fica sem explicação e abre espaço para diversas interpretações. As respostas não são dadas e nem se mostram necessárias para o desenvolvimento do suspense e do terror. O filme não tem um final aberto, mas um gatilho narrativo para o sobrenatural sem qualquer didatismo. Isso pode parecer interessante para quem não se importa de atribuir possibilidades para as causas, mas pode incomodar quem busca uma explicação mastigada de tudo. O que pode ser deduzido é que um confronto do passado foi retomado no presente por meios completamente diferentes, mas com uma rivalidade bem estabelecida que foi mantida. Mesmo com um bom tempo de desenvolvimento dramático, sem qualquer foco excessivo no terror, o ritmo da obra me agradou bastante e o clímax realmente nos deixa em um suspense inquietante e ininterrupto.

Mesmo sendo esse um precursor de clichês, numa visita atual isso acaba tornando o filme um terror datado, mas que, se observado com cuidado, pode ser experienciado como um clássico deve ser. Relevando os pontos negativos provenientes do nosso olhar deturpado da atualidade podemos enxergar uma obra excelente que se destaca tanto pelo terror e suas realizações práticas, quanto pelo drama e seu gradativo mergulho no sobrenatural, nos carregando de mãos dadas com a mãe, tirando qualquer tipo de explicação lógica, numa descida às profundezas do sobrenatural.

Mesmo com tudo que eu disse em relação ao que o filme me fez, ou não me fez sentir, é inegável que esse seja um longa sinistro e realmente importantíssimo para o cinema. Um dos grandes clássicos dessa arte e um dos melhores filmes do seu gênero, de todos os tempos. Fico feliz que a obra ainda me guardou boas surpresas, justamente por não terem vindo de onde eu esperava encontrá-las.

Nota do autor:

Avaliação: 3.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalThe Exorcist
Lançamento1973
País de OrigemEUA
DistribuidoraWarner Bros. Pictures
Duração2h2m
DireçãoWilliam Friedkin

Onde Assistir?
(aluguel)


Voltar

Obrigado pela opinião! ❤️

Atenção

Navegação:

Posts Recentes:

Anúncios

Deixe um comentário

Anúncios