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A Fuga das Galinhas – A Ameaça dos Nuggets [Crítica]

Continuação da clássica obra de 2000, trazida ao mundo pela Netflix em parceria com a produtora original, a Aardman, A Fuga das Galinhas 2 é uma sequência honesta para o original e que consegue trazer uma boa mensagem, mesmo que a sua execução me pareça um pouco menos assertiva e palatável quanto o primeiro longa. Mesmo assim, acho que não seja um entretenimento de todo descartável e há sim o que ser absorvido aqui.

Depois da suada fuga do primeiro filme, Ginger, Rocky e as outras galinhas moram numa ilha isolada do mundo e comemoram a chegada de uma nova integrante à família. A pequena galinha que sai do ovo, Molly, é aventureira e carrega os mesmos ideais de liberdade da mãe. Assim, sentindo-se presa ao ambiente controlado pela sua mãe na ilha, ela decide se aventurar no continente em busca de uma granja que parece ser um local de diversão e alegria para as moradoras. A inocência da pequena é logo entendida pela mãe que une sua equipe para tentar resgatá-la da garra de perversos “granjeiros modernos” – mas nem tanto assim.

Geralmente sequências sofrem com o famoso sintoma do “mais e maior” e acredito que aqui isso tenha acontecido de novo. A fuga em si é megalomaníaca, o cenário é extravagante e as ideias fogem totalmente da pegada mais pé no chão do primeiro. Por mais que galinhas com dentes e uma galinha de madeira voadora que bate as asas não seja algo que se possa dizer: “Nossa! Totalmente realístico”. Nesse segundo filme as proporções foram aumentadas ao nível de um filme da franquia Missão Impossível, como até uma das piadas do roteiro faz questão de comparar. A trupe de animais do primeiro filme se torna um esquadrão de agentes secretos, quase super-heróis, que tem que armar um plano surreal para resgatar a filha de Ginger de uma fortaleza “impenetrável” – mas que não passa de fachada, como explicarei a seguir.

Uma história mais estravagante, mais caótica e mais acelerada não seria em si grandes problemas já que a história tem que ser atualizada para os dias atuais, mas outras coisas foram o que me incomodaram de fato. A problemática da trama é muito facilitada pelo roteiro através de suas conveniências. O que é ainda mais paradoxal, pois se aquelas mesmas galinhas tiveram um trabalho enorme para fugir de uma simples granja comum, o que dizer de uma granja super tecnológica, protegida por máquinas e seguranças? Essa não é uma questão muito presente no roteiro, pois as coisas se desenrolam com uma facilidade estranha, pois tudo parece acontecer como o planejado pelas nossas amigas galinhas e quando isso não acontece a trama tenta inserir tensão onde não há. Ao mesmo tempo o texto se esforça para tentar criar humor, mas não atinge o mesmo resultado do primeiro filme, ao menos comigo. Em uma cena em específico do final, a questão das facilitações me tiraram um pouco a imersão. Ela me desagradou bastante porque a resolução era extremamente óbvia mas a tensão da sequência foi exaustivamente alongada numa tentativa de criar um clímax, mas isso não surtiu nenhum efeito comigo.

Mesmo com esses pontos fracos, eu acho que essa foi uma sequência minimamente digna. Tanto por atualizar a história clássica para um novo público e apresentar esse universo, que continua com uma técnica maravilhosa de stop-motion – que se não estou enganado ganhou ainda mais agilidade nos movimentos – quanto por apresentar um subtexto também proveitoso. Dessa vez a questão da conformação é levada ao extremo e a trama apresenta uma crítica ao estado que a sociedade se apresenta com as facilidades que o sistema apresenta de alcançar a “felicidade” e como tudo isso não é nada mais do que uma armadilha para que ninguém desconfie dos problemas e das armações que de fato ameaçam à todos. Uma bela cutucada na nossa sociedade atual viciada na perfeição da internet, por exemplo.

A subtrama da Molly como fugitiva da vida de cuidados dos pais para assim descobrir por si própria que o mundo é bem diferente do que ela imaginou também serve como uma boa liçãozinha para os mais novos e incentiva a escuta dos mais velhos. Nada passa da superficialidade nesse sentido e os novos personagens da história não me chamaram tanto a atenção, apesar de quase todos os personagens serem velhos conhecidos do primeiro filme.

Como já citei anteriormente, o humor aqui não me conquistou e a disposição da narrativa como uma espécie de missão impossível de galinhas não foi tão cativante, mesmo que algumas ações sejam divertidas e engraçadas. Acredito que o que não estava em compasso realmente foi a ambiguidade entre a maior ameaça e a ainda maior facilidade como todos lidam com ela.

Enfim, independentemente desses problemas, ainda achei essa uma obra agradável o suficiente para se provar como um entretenimento satisfatoriamente divertido para se experienciar, por mais que, mesmo sem a nostalgia, eu ainda assim prefiro a obra original de mais de 20 anos atrás. E pra finalizar, eu não duvido que ainda existam novas continuações para esse universo, já que agora a Netflix tá na parada. Como o final deixa a indicar, a aventura das galinhas dentadas continua.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalChicken Run: Dawn of the Nugget
Lançamento2023
País de OrigemReino Unido/EUA/França
DistribuidoraNetflix
Duração1h41m
DireçãoSam Fell

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