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Starman – O Homem das Estrelas [Crítica]

Após ter assistido apenas o clássico “Halloween” do diretor John Carpenter, fui surpreendido com essa obra quando nos créditos iniciais descobri que se tratava de um outro filme com direção sua. Apesar de apresentar um desenvolvimento de personagens interessante e questões filosóficas que levam à uma boa discussão, achei o filme um pouco irregular, na minha experiência, mesmo que nada tenha de fato me incomodado tanto assim para detestar a obra, por outro lado.

A minha sessão de Starman foi no mesmo dia e logo na sequência de “O Fantasma Apaixonado”, que foi o objeto da minha crítica no meu texto anterior, e posso dizer que ambos me surpreenderam, mesmo que de formas distintas. Apesar de nenhum apresentar correlações óbvias, acho que o sobrenatural está presente em ambos e o desenvolvimento de um relacionamento inicialmente improvável ajuda ainda mais a minha mente a relacionar esses dois filmes. A relação com o texto anterior vai ser inevitável tanto porque eu assisti os dois filmes em sequência no mesmo dia, em uma situação e experiência bem similares, quanto por ambos os filmes me deixarem com uma sensação parecida logo de início. Sendo um filme de John Carpenter, temos aqui em Starman algumas cenas de suspense e até uns sustos consideráveis logo no começo do filme. Uma cena em específico conseguiu me proporcionar um belo pulo da cadeira, mas logo o filme muda sua característica inicial, trocando o medo do desconhecido pelo humor de constrangimento.

Na história, o enredo apresenta como explicação científica para os acontecimentos do filme o real lançamento de um disco de ouro junto com as sondas Voyager da NASA. Nesses discos estão as informações básicas a respeito do ser humano, algumas vozes em vários idiomas, uma indicação da localização do planeta Terra e algumas outras coisas. Mas, se há todo um convite para que seres de outros planetas venham à Terra, eles deveriam ser bem recebidos aqui, não é mesmo? Talvez não. É exatamente essa hipocrisia que o filme aborda e apresenta como um dos elementos motores da trama. Além disso, a adaptação de costumes, idioma e ambiente ajudam a criar os conflitos enfrentados pelo homem do espaço e sua companheira de aventura Jenny Hayden, após o alienígena assumir a forma do corpo do seu marido recém falecido e a obrigar a ajudá-lo.

A questão da adaptação pode abrir espaço para traçarmos um paralelo à adaptação de uma pessoa estrangeira aos costumes de um país diferente e distante e assim expor como nós humanos somos tão diferentes e “alienígenas” aos outros mesmo sendo todos de uma mesma espécie. Além disso, a dinâmica da descoberta dos mais simples aos mais profundos sentimentos humanos traz algumas reflexões interessantes. Uma cena emblemática para mim é quando o “homem estelar” pede para Jenny definir o que seria o amor. Aí temos uma descrição com uma profundidade poética e dramática bem interessante e provavelmente a cena que mais me tocou no filme. Mesmo com um desenvolvimento um pouco estranho de vez em quando, a relação entre o casal protagonista carrega bem a trama, mesmo com suas inconstâncias. E, no final das contas, toda a relação não fica com ar de implausível, mas assume um ar crível e cativante.

A comédia teve para mim um efeito descontínuo. Às vezes ela funcionava, às vezes não. Talvez aqui a idade do filme atrapalhe um pouco. Esses filmes mais clássicos sofrem com os seus próprios legados porque eu posso já ter visto vários outros filmes mais recentes que talvez tenham sido inspirados ou foram influenciados por obras antigas como essa, mas como eu já entrei em contato com várias de suas ideias, o “clichê” acaba sendo notado justamente no seu precursor. Isso acontece com diversos outros filmes também.

De qualquer maneira a obra não chegou a ser cansativa em nenhum momento para mim. Para apontar um ponto que realmente me incomodou foi o arco do cientista que está tentando achar pistas para encontrar o “homem do espaço”. Toda essa trama foi bem simplória e chatinha, mesmo sem ocupar grande espaço de tempo no filme. A conclusão não foi lá tão satisfatória, nem muito bem desenvolvida, mas talvez sirva para o propósito da obra. A sequência final é bem desinteressante, ao menos pra mim, pois não criou tanta tensão e não serviu para nada além de algumas peripécias técnicas. Mas está lá o que nós precisamos ver e entender, mesmo que nada de muito interessante seja mostrado ou nenhuma outra discussão interessante seja levantada. Enfim, tudo termina e as partes realmente interessantes do filme já ficaram para trás nas nossas memórias.

Numa perspectiva geral, achei esse longa interessante e acho que pode realmente ser aproveitado. Apresenta várias nuances legais, desde o suspense logo do início que é bem desenvolvido por um diretor que sabe o que está fazendo no gênero até depois o desenrolar da história trazendo alguns conflitos intelectuais e físicos engajantes para nos carregar por toda a duração do filme.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalStarman
Lançamento1984
País de OrigemEUA
DistribuidoraColumbia Pictures
Duração1h55m
DireçãoJohn Carpenter

Onde Assistir?
(aluguel)


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