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Sunshine – Alerta Solar [Crítica]

Sunshine – Alerta Solar é um filme de ficção-científica um tanto quanto peculiar que sofre com algumas inconsistências, principalmente na metade final de sua duração. A premissa, os personagens e algumas outras surpresas que o filme esconde ainda conseguem proporcionar uma boa experiência ao espectador que consiga relevar a quebra de tom e a falta de explicações claras de certa parte do filme, algo que explicarei a seguir.

A história se passa numa sonda espacial chamada Icarus II cujo único objetivo é concluir a missão que sua antecessora, Icarus I, não foi capaz de realizar. O objetivo é simples, mas praticamente impossível: levar uma carga enorme de bombas nucleares para reativar o núcleo do sol que está prestes a morrer. Caso a missão fracasse, a estrela-mãe da Terra se resfriará e toda a vida que depende dela acabará para sempre. Mesmo estando perdendo suas forças, o Sol ainda se apresenta como a principal ameaça para a realização dessa missão tão importante, mas outros percalços surgem de forma inesperada pelo caminho da equipe da missão Icarus II.

A primeira coisa que me chamou a atenção no filme foi seu elenco. Na tripulação cada personagem desempenha uma função específica para a missão e as dinâmicas que cada um desenvolve entre si tornam-se um dos principais elementos motores dramáticos da trama. Isso me fez lembrar muito do jogo de sobrevivência espacial que viralizou há alguns anos na internet: “Among Us”, e sempre fiquei com aquela frase do jogo na cabeça: “há um impostor entre nós”. Mas o que de cara me chamou mais a atenção foi o fato de o elenco contar com nomes que se tornariam tão famosos no cenário de Hollywood tempos mais tarde, tais como: Chris Evans, Michelle Yeoh, Cillian Murphy e Benedict Wong. Se pensarmos que hoje um filme com tais nomes teria que ser nada mais, nada menos que um blockbuster, podemos esperar algo, no mínimo interessante dessa obra de 2007.

Acho que a forma correta, na minha visão, de analisar esse filme seja dividindo-o em duas partes. Na primeira parte temos uma trama de Sci-Fi que nos deixa curiosos e apreensivos sobre o desenrolar da missão e as possíveis descobertas que a equipe fará. Nesse primeiro momento temos um tom mais sério e realístico, com problemas surgindo por interferências naturais do ambiente extremo de proximidade com o sol e do desgaste psicológico da missão que colocou os tripulantes numa nave claustrofóbica por tanto tempo. Até aí tudo parecia ser muito interessante e cativante. O desenvolvimento estava fluindo e as interações entre os personagens também condiziam com um certo tom uniforme que o filme adotou até então. Além disso, os efeitos especiais e o CGI, para a época, estavam muito bons, com planos de estabelecimento da nave recorrentes, utilizados como transições para as cenas internas do filme. Acho que até aí minha nota seria um belo 3,5. Mas não dá pra pontuar um filme apenas pela sua metade.

Quando chegamos a um acontecimento central da trama, próximo à metade do filme, temos uma virada, que no começo parece ser condizente com o que vinha ocorrendo, mas logo se mostra totalmente fora das perspectivas de tom e realismo previamente estabelecidas. A meu ver, haviam duas ideias estabelecidas para o filme, mas a conexão entre elas não criou bases firmes o suficiente para atenuar a virada brusca na trama. A introdução de um novo “problema” externo não parece nada além de uma tentativa de criar uma carga dramática desnecessária e desconexa da realidade até então proposta pelo longa. Assim, pelo menos pra mim, a última parte do filme destoa bastante e perde muito da beleza inicial.

Após assistir o filme, eu descobri que um dos seus gêneros era o terror, mas isso me deixou um pouco mais desapontado. Eu acredito que em vários pontos o filme realmente poderia adotar essa vertente e apostar em elementos mais surreais e assustadores, tanto psicologicamente – como até chega a mencionar – como fisicamente, mas o caminho escolhido pelos realizadores foi o pior possível. Não há qualquer explicação clara para os fatos finais da trama e aqui eu gostaria de esclarecer algumas coisas: não ser expositivo demais não é de todo modo um problema, mas a quebra de tom de uma trama de Sci-Fi que é sabidamente autoexplicativa e teoricamente realística para uma tentativa de explicação filosófica ou metafísica me tirou completamente da imersão que o filme tinha me introduzido no princípio. Outra coisa: claro que não devemos esperar de um filme aquilo que nós gostaríamos de ver, já que não somos nós que estamos por trás das câmeras ou no roteiro da história, mas me frusta um pouco a quantidade de possibilidades que o filme abriu para se fechar numa conclusão tão simplista e pouco cativante. Por tudo isso, a minha nota para a segunda parte do filme seria 1,5.

Enfim, utilizando matemática simples: 3,5 + 1,5 = 5 e 5 ÷ 2 = 2,5. Essa é minha nota final para esse filme. No todo, ele criou uma atmosfera incrível e desperdiçou o suspense e a dramaticidade em um desenvolvimento pífio. Mesmo assim, acho que ainda pode ser uma obra interessante a ser experienciada e talvez, com uma outra visão, os méritos do longa e sua conclusão possam ser mais bem aproveitados. Assim, não posso dizer que gostei do filme uniformemente, mas também não posso dizer que desgostei, da mesma forma. Foi uma experiência ao menos interessante que havia me cativado por sua sinopse, mas me perdeu por sua conclusão.
(P.S.: Temos um futuro Oppenheimer surgindo aqui…)

Nota do autor:

Avaliação: 2.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalSunshine
Lançamento2007
País de OrigemReino Unido/EUA
Distribuidora20th Century Fox
Duração1h47m
DireçãoDanny Boyle

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