Five Nights at Freddy’s é mais um filme que tenta adaptar um jogo, mas parece que voltamos a estaca zero. Eles estão tentando, eles estão tentando… Mas parece que é impossível pegar uma premissa interessante e transformar numa história igualmente interessante. Ou minimamente assustadora, como nesse caso em específico. Sério, que filme chato e sem consistência. Não sou nenhum conhecedor da série de jogos, mas pelo pouco que sei esperava que, ao menos, algo chegasse a me assustar de fato em algum momento do filme, ainda mais com um título como este – O Pesadelo Sem Fim – na versão brasileira.
Vamos lá. A trama que deveria ser simples, semelhante ao jogo, aqui ganha uma tentativa de dar contornos mais complexos a história, que parecem não se encaixar muito bem no final das contas. Um maluco que já é atormentado antes de conhecer a Pizzaria assombrada do Freddy acaba tendo que ir trabalhar lá como última opção para poder sustentar a si próprio e sua irmãzinha. A partir de então, coisas estranhas começam a acontecer com todo mundo, menos com ele, ironicamente. Na verdade não é bem isso. Os animatrônicos são introduzidos a trama e eles começam a surgir na tela com uma tentativa de desenvolvimento forçada que vai se fragmentando por toda a narrativa.
Em relação ao universo criado especificamente para esse longa, temos a tentativa de introdução de uma pseudociência para justificar algumas das coincidências e facilitações narrativas e personagens tão estranhos e esquisitos quanto os próprios bonecos. Tenho que falar que em alguns momentos eu realmente me perguntei quem me dava mais medo. Os personagens humanos pareciam competir para saber qual me dava mais medo do que os animatrônicos porque suas ações e diálogos eram tão estranhos e forçados que assustavam. De qualquer forma, o “draminha” introduzido para guiar a história tenta apostar numa profundidade que não existe e só serve para tentar esconder as conexões tão falsas quanto sem sentido.
Partindo para o terror, que quase não existe, aqui presenciamos personagens que estão indecisos entre saber que estão em um filme de “terror” e do nada desconsiderarem completamente esse conhecimento. Algumas cenas são tão forçadas que o próprio personagem prepara o jump scare enquanto outras são aquele velho clichê de se aproximar lentamente da ameaça até descobrir que algo de errado não está certo. Pra ser sincero e não dizer que nada me deixou apreensivo, a atmosfera com as câmeras de segurança, que de longe são as coisas que mais me lembraram do jogo, conseguem criar um pequeno clima de tensão logo no princípio. Clima esse que poderia ser mais bem utilizado, mas é logo transformado em uma espécie de aventura de caça ao tesouro que perde completamente o suspense ou a inquietude de lidar com o desconhecido. Nem sequer os jump scares assustam de verdade. Ou são falsos demais ou a direção insiste em ocultá-los, sendo que a ameaça já foi introduzida. Aliás, essa é a coisa que qualquer um já conhece porque justamente o jogo de origem se baseia nisso, jump scares. Será que isso já não era o bastante?
As ameaças são expostas e ficam brincando entre assustar e torrar nossa paciência quando a trama tenta desenvolver algo. As conexões são frouxas e muito previsíveis. Eu peguei o plot desde o início do filme mesmo sem conhecer nada da trama do jogo direito. Na verdade, nem sei se o jogo tem essa trama. O ponto é que eu fiquei lá na frente do filme esperando para saber qual a conclusão que ele ia dar para aquela problemática. Esperava alguma surpresa já que ao longo de todo o filme isso não tinha acontecido. Mas quando finalmente chegamos as grandes revelações a narrativa se apega as convenções mais simplistas e fáceis possíveis. Por que um vilão é mal? Tanto faz, ele só quer matar pessoas e por que alguém se importaria, não é mesmo? Além disso, a resolução é tão fácil quanto e não gera tensão ou qualquer catarse mínima no espectador. Pelo menos, assim foi minha cruel experiência.
É isso. Mais uma tentativa de adaptação que se perde no caminho. Não sei qual vai ser a experiência de um verdadeiro fã da franquia de games, mas a minha como visitante alheio foi bem monótona e desinteressante. Mesmo com personagens que poderiam ser melhor utilizados – falo dos animatrônicos e não dos humanos – a história se perde dando menos tempo para o terror em si e mais tempo para uma subtrama que tenta passar uma mensagem, mas não passa nada além de uma frase de efeito no final das contas.
Nota do autor:
Gabriel Santana

| Título Original | Five Nights at Freddy’s |
| Lançamento | 2023 |
| País de Origem | EUA |
| Distribuidora | Universal Pictures |
| Duração | 1h49m |
| Direção | Emma Tammi |
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