Esse é um documentário que até para o seu diretor apresenta uma estrutura não convencional. Eduardo Coutinho expõe através da exemplificação a realidade da televisão brasileira e apenas mostrando passagens de um dia normal do dia a dia da TV consegue deixar críticas a esse meio que acaba sendo utilizada de maneiras problemáticas.
Mesmo com uma certa distância de tempo de 2010, ou 2009 quando foi gravado, acredito que a realidade televisiva não se alterou tanto assim, agregando apenas algumas questões gerais que foram alteradas um pouco na consciência coletiva do país. De qualquer modo, a montagem acaba sendo o elemento narrativo mais importante que Coutinho faz uso justamente para deixar claro como esse meio se tornou uma ferramenta de alienação popular pelo simples fato de rebaixar o espectador a uma condição de consumidor de uma espécie de “cultura” medíocre ou até pior do que isso todo santo dia.
Só assim pra eu assistir TV hoje em dia. Me senti com meus 10 anos de idade mais uma vez, quando um dos únicos meios de entretenimento que eu tinha era assistir televisão por horas do meu dia, mas a sensação que esse filme me passou foi um desespero, um incômodo, vergonha alheia e muito mais. Talvez por nunca ter parado para prestar atenção no que em geral se passava na TV ou pela minha seleção de conteúdos específicos que fugia um pouco do convencional. Essa distância das telas desse meio de comunicação de massa resultou em uma perspectiva interessante sobre o próprio.
Acredito, no entanto, que esse foi um exercício interessante proposto por Eduardo Coutinho para promover uma reflexão sobre a televisão brasileira e como esse meio de comunicação se transformou em uma exploração sem sentido da realidade com diversos tipos de exposição. Mas como eu tenho uma boa admiração pela televisão e também uma nostalgia por rever esse meio em anos passados e presenciar como o passado era transmitido no presente da época (espero que tenha ficado claro), esse foi um filme com alguns momentos realmente interessantes para analisar os contextos políticos, históricos e mais momentâneos da história do Brasil.
Esse foi um exercício bastante interessante que eu não fazia ideia que seria possível apenas com uma simples exposição de um dia da televisão brasileira de anos atrás. A proposta de Coutinho foi ousada e até por isso, com o uso das imagens da TV sem os direitos autorais, esse documentário se tornou uma espécie de lenda urbana que habita apenas os confins da internet pois não pôde ser lançada como filme para o grande público, restringindo o exercício a aqueles que se interessem por suas obras.
Nota do autor:
Gabriel Santana

| Título Original | Um Dia na Vida |
| Lançamento | 2010 |
| País de Origem | Brasil |
| Distribuidora | YouTube (não oficial) |
| Duração | 1h34m |
| Direção | Eduardo Coutinho |
Onde Assistir?
(não oficial)





Deixe um comentário