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Theodorico, Imperador do Sertão [Crítica]

Voltando para o filme mais antigo que assisti de Eduardo Coutinho, nessa jornada que estou fazendo por suas obras, “Theodorico, Imperador do Sertão” não é, curiosamente, uma de suas obras que parecem ter sido produzidas pra TV, mesmo sendo uma reportagem documental para o Globo Repórter.

Outras obras de Coutinho apresentam uma estrutura mais convencional de documentário e por essa aqui expor uma proposta de protagonismo ousada até para aqueles dias, destoa um pouco das produções da época. Mesmo não sendo excepcional como outras obras dele, esse filme me pareceu muito interessante por expor uma mensagem subliminar presente na apresentação óbvia dos problemas do sertão nordestino por um de seus próprios algozes.

Theodorico é um clássico coronel do Nordeste brasileiro que mantém seus empregados e moradores de suas terras (ou espécie de feudo medieval) em uma mini ditadura própria, com elementos de culto a sua personalidade e promoção individual. Isso gera um grande efeito pela obra girar em torno de sua pessoa e expor através da experiência os problemas arraigados ao interior nordestino que perduram através dos séculos. O coronelismo “moderno”, se é que podemos chamar assim, é exemplificado na prática e deixa que a realidade seja entendida nas interpretações dos espectadores da obra.

Mesmo que a todo momento Theodorico exponha no documentário sua personalidade bastante questionável, controversa e cheia de preconceitos e xenofobia, sua soberba o faz se sentir ainda mais importante por estar encabeçando o protagonismo dessa obra e o deixa a vontade para nos mostrar como sua mente funciona, sem esconder nada. Por um lado, essa abordagem mais intimista pode nos colocar do lado do protagonista a ponto de entendermos suas dores e sua maneira de pensar, mas, por outro, acredito que esse exercício proposto por Eduardo Coutinho serve para nos deixar claro a tamanha incoerência de seus pensamentos de forma assustadora. Assustadora por perceber como isso faz tão pouco tempo e ainda pode ser encontrado de maneira parecida nos dias atuais.

Essa é uma produção, que até mesmo segundo o seu diretor, seria quase impossível aparecer novamente em uma mídia como a Rede Globo, mas foi o que aconteceu. Não posso garantir qual o foi o resultado disso ou como foi interpretado pelo grande público a época, mas posso garantir que foi um exercício ousado da autoria de Eduardo Coutinho que já despontava em 1978 com seu instinto de documentarista nato.

Nota do autor:

Avaliação: 2 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalTeodorico, o Imperador do Sertão
Lançamento1978
País de OrigemBrasil
DistribuidoraYoutube (não oficial)
Duração50m
DireçãoEduardo Coutinho

Onde Assistir?
(não oficial)


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