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O Fio da Memória [Crítica]

O Fio da Memória é um documentário em longa-metragem do diretor Eduardo Coutinho que, mesmo não expondo suas características mais essenciais de direção, apresenta uma trama bastante interessante e passagens simbólicas da história negra no Brasil.

A história por trás do documentário busca abordar os 100 anos da abolição da escravidão no Brasil, com a promulgação da Lei Áurea em 1988, e suas consequências para a população negra nos dias atuais a 1989. Para expor aquela realidade, diversas passagens foram alternadas com personagens importantes e outros desconhecidos que acrescentaram suas experiências de vida na busca por deixar claro que as mudanças acorridas após um século não foram, nem de longe, o bastante para curar a cicatriz da escravidão no país.

O documentário foi uma grande parceria de veículos estrangeiros que patrocinaram a produção do longa-metragem em solo brasileiro e, acredito que por isso, a estrutura ganhou um teor didático em relação a trama. Mesmo com passagens mais intimistas, simbólicas e sentimentais, a narração vai guiando a trama numa estrutura de documentário padrão e se afastando da pegada de Coutinho. Mesmo assim, as recordações do passado dos personagens são cativantes e a história de Gabriel Joaquim vai unindo a trama com suas diversas passagens marcantes extraídas de seu diário.

A produção intercala vários acontecimentos relacionados a cultura negra expondo tanto o dia a dia cotidiano – que parece ser assustador pelas dificuldades ainda vividas apenas pela condição de ser afro-brasileiro – com atos relacionados a data do centenário da abolição. Dentre esses pontos, os que mais se destacam são a educação, criminalidade, pobreza, política e cultura negra. Todas essas áreas são abordadas dando um panorama geral de como é a vida do povo mais sofrido e ainda marcado por uma grande herança terrível.

Um outro ponto que me pareceu bem interessante da cultura que foi representado no longa é a questão da religião, ou da mistura e sincretismo religioso. A abordagem quase didática em relação as religiões é interessante também para quem não conhece de perto essas outras culturas presentes no Brasil. O retrato de diversas crenças e rituais religiosos diversos expõe como a cultura brasileira é fruto dessa mistura e como as pessoas são capazes de conviver em harmonia umas com as outras e com suas crenças, mesmo que essa realidade não seja tão pacífica como se dá a entender no filme a um espectador de fora.

Mesmo fugindo da estrutura característica de Coutinho e com uma pegada mais convencional de documentário, talvez por interesses dos envolvidos externos, o longa é capaz, ainda assim, de ser interessante e até tocante em alguns momentos sendo acima de tudo um retrato histórico importante da história com uma visão bem mais aberta e pessoal, influências que serão mais presentes em outras obras do diretor.

Nota do autor:

Avaliação: 3 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalO Fio da Memória
Lançamento1991
País de OrigemBrasil
DistribuidoraYoutube (não oficial)
Duração1h55m
DireçãoEduardo Coutinho

Onde Assistir?
(não oficial)


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