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Filme australiano que estreou a pouco no Brasil e conseguiu me chamar a atenção para assisti-lo. Mesmo não sendo tão fã do gênero, posso dizer que esse não é só mais um na lista de tantos filmes de terror que aparecem todos os dias. Com uma boa problemática atual e um desenvolvimento de personagens interessante, o horror e a tensão conseguem se destacar ainda mais no enredo.

Somos apresentados, na trama, a Mia e Jade, uma dupla de amigas próximas que vão carregar a história. Uma perdeu sua mãe e está sofrendo ainda com o luto e com questões mal explicadas e a outra está num relacionamento com o ex-namorado de sua amiga. Conhecemos também outro personagem central da história, o irmão de Jade. Juntos, todos eles acabam buscando diversão com uma nova droga viral viciante e sombria.

A primeira coisa que me chamou a atenção e me fez apreciar a perspicácia dos realizadores é o contexto utilizado na trama. Por mais que não seja extremamente original, a forma como a realidade dos jovens foi abordada com o perigo sendo trazido para o meio e não vindo a encontro de maneira desconhecida foi uma boa alusão ao universo das drogas que é bastante comum e uma espécie de diversão desconhecida para essas pessoas. Com a introdução do perigo e o pouco-caso prestado por seus utilizadores as consequências vão se tornando mais graves e mais assustadoras num escalonamento da tensão bem estruturado e com o resgate de vários detalhes narrativos ao longo da trama que vão costurando uma boa condução e propiciam momentos impactantes.

Mesmo com a boa maquiagem e efeitos visuais medonhos acredito que o que realmente apavore aqui nesse filme seja o contexto que envolve a narrativa com uma trama que carrega seus personagens para um chamativo corredor sem saída que vai acabar com consequências terríveis, mas que parecem ser irresistíveis, assim como o que os fez entrar em contato com o mal. As tentativas de remediar acabam se provando inúteis e a tensão é estabelecida com detalhes visuais e sonoros precisos para criar uma ótima atmosfera de suspense.

Os detalhes que a trama vai deixando no caminho dos personagens – às vezes, literalmente – servem no desenrolar da história e acrescentam boas camadas de conteúdo aos personagens. Assim sendo, não há apenas personagens vazios e pouco interessantes, mas um desenvolvimento que nos conecta com seus dramas e nos faz sentir uma certa empatia por suas dores físicas e psicológicas. Além disso, como já mencionei, a busca dos jovens por aquela espécie de adrenalina instantânea acaba ofuscando o grande perigo iminente na frente de seus olhos e somente essa subversão de expectativas com a utilização do perigo como forma de diversão, em momentos bem conduzidos pela direção, curiosamente ajudam a nos manter intrigados e com aquele sentimento de que tudo vai dar errado só que sem aquela famosa e solene preparação para um “jump scare” barato. Acredito que esse seja um terror mais lento nesse sentido, mas que não deixa de ser perturbador e eficaz, justamente por toda a construção ao redor da ameaça.

Essa foi uma boa surpresa e uma experiência interessante com um gênero que não é dos meus preferidos. Acredito que eu também esteja começando a deixar o meu preconceito de lado justamente com obras como essa que conseguem, com inteligência, criar situações e abordar problemas pertinentes de maneira certeira e bem coesa, diferentes de tantos exemplares com execuções e tramas sem sentido.

Nota do autor:

Avaliação: 3.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalTalk to Me
Lançamento2022
País de OrigemAustrália/Reino Unido
DistribuidoraA24
Duração1h35m
DireçãoDanny Philippou, Michael Philippou

Onde Assistir?
(aluguel)


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