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V de Vingança [Crítica]

Das mesmas mentes geniais que trouxeram ao mundo Matrix, somos brindados com essa magnífica obra atemporal do cinema. Uma das coisas que mais me impactou foi com o quanto essa trama se mantém contemporânea, mesmo o filme tendo a minha idade. De qualquer forma, essa foi uma obra que eu sabia pouco a respeito e mesmo assim correspondeu a tudo o que eu poderia imaginar sobre ela.

Situada num futuro distópico, não tão distante, onde o Reino Unido é controlado por uma espécie de ditadura fundamentalista, um homem conhecido apenas como V, que sofreu uma perseguição cruel do estado, arquiteta milimetricamente um plano de revolução que vai derrubar o governo pouco a pouco de maneira extraordinária. No meio do percurso, no entanto, uma mulher cruza seu caminho e passa a ser uma peça importante de sua vida e de seus planos ambiciosos.

Esse é mais um daqueles filmes que está carregado de simbolismos e detalhes sutis que transmitem muito mais do que parece. Só de pensar no quão imponente se tornou a máscara de Guy Fawkes após a popularização do filme é somente um aperitivo do que pode ser encontrado no restante do longa. As irmãs Wachowski demonstram sua genialidade mais uma vez atrás das câmeras e também na adaptação dessa história para as telas. A direção do filme, por mais que possa ser confusa de vez em quando e com alguns pequenos detalhes um pouco forçados, é excelente e nos conduz até um final apoteótico que só poderia ser sentido de tal forma se toda a construção narrativa anterior elevasse as ideias de seu personagem central às nossas mentes, assim como faz com a população.

Gosto de filmes que abordam a história da humanidade, seja de maneira mais realista ou biográfica, seja com alusões e críticas pertinentes a momentos que realmente ocorreram fora da tela. O que podemos acompanhar aqui é um exemplo sublime desse segundo caso. As referências claras ao nazismo, absolutismo e fundamentalismo religioso são os mais claros temas abordados na trama que não para por aí e aprofunda suas críticas à guerra ao terror, intolerâncias de gênero e religiosa e finalmente ao sistema econômico que foi responsável por elevar ao postos de controle pessoas totalmente execráveis, como nossa realidade faz questão de exemplificar. A perseguição de opositores, as ideias conservadores que moldam o ideário popular, as maneiras de maquiar a realidade e alienar a população são expostas aqui de maneira assustadora. Assustadora não por ser um retrato claro de momentos históricos passados, mas, principalmente, por mostrar que essas ideias se mantém vivas e retornam rotineiramente ao nosso mundo no presente, mesmo em dias de uma tão aparente evolução. Essa evolução social se mostra deficitária em vários sentidos e esse filme é capaz de nos fazer refletir sobre o que passamos e encontramos ao nosso redor hoje.

A maneira como o filme é expõe o passo a passo que vai se desenrolando com a trama de investigação nos mantém presos e participantes do mistério. Tudo nos coloca dentro daquele universo e começamos a nos conectar com os personagens. Por mais que eu não tenha desenvolvido uma grande simpatia pela protagonista Evey, a imponência e genialidade do V é capaz de cativar qualquer um. Seu jeito de falar, sua misteriosa identidade por detrás da máscara e seus planos meticulosamente planejados por uma mente genialmente perturbada inspiram em nós uma admiração por tal figura. Com todas as peças da trama se encaixando é surpreendente com mesmo assim conseguimos ser enganados pelo roteiro e precisamos ir remontando as peças na nossa cabeça para que enfim tudo se conecte e faça sentido. Amo filmes assim.

Por fim, temos uma conclusão extremamente marcante e um desenvolvimento de personagem que se conclui com a integral exposição das ideias e da mensagem de V tanto para o povo de seu país, quanto para quem está do outro lado da tela. O filme se conclui na medida certa. Um daqueles que não precisava de nem um minuto a mais ou a menos. Mesmo com algumas coisinhas poucas que incomodaram minha mente durante boa parte do filme, em sua maioria essas coisas eram propositalmente instauradas em nós para nos fazer pensar e as outras podem ser relevadas facilmente. No geral, foi é uma experiência ótima.

Acredito que esse filme tenha uma boa carga de críticas, ideias e conceitos interessantes para marcar uma geração, como o fez. Mesmo não fazendo parte da geração que cresceu com o filme na mente, consigo perceber sua importância e grandiosidade como elemento da cultura pop mundial. Chegando atrasado ou não na festa, fico feliz de não ter ideia da trama em si e ter tido a possibilidade de aproveitar essa experiência de maneira plena.

Nota do autor:

Avaliação: 4.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalV for Vendetta
Lançamento2005
País de OrigemEUA, Reino Unido, Alemanha
DistribuidoraWarner Bros. Pictures
Duração2h12m
DireçãoJames McTeigue

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