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Serena [Comentário]

Pela primeira vez venho trazer aqui um texto relacionado a uma obra de minha autoria. A obra em questão é o curta-metragem Serena. O filme foi uma produção minha juntamente com Amanda Mecenas, colega do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O filme foi idealizado para participar do Festival Permanente do Minuto e por isso precisava atender a um requisito básico de duração de até 1 minuto. Por sorte o festival aceita até 3 segundos a mais, pois foi difícil diminuir a duração na montagem para os 60 segundos em si, como era a ideia original. O curta estreiou hoje, dia 29 de agosto, durante uma aula da matéria de Introdução ao Cinema e Audiovisual junto com a apresentação dos demais curtas produzidos pela turma. Mesmo com as dificuldades para a produção, acredito que alcançamos o que tínhamos idealizado com um bom nível de sucesso. Confira, a seguir.

A Trama
O curta aborda um tema muito presente nas nossas vidas na atualidade, a ansiedade. O contraponto ambíguo vem do nome de sua protagonista, que também intitula o filme, Serena. A contraposição entre seu nome e a realidade enfrentada por ela traz ainda mais sentido a narrativa que busca representar como é passar por uma crise de ansiedade, quando você quase que sai da vida real para uma realidade alternativa assustadora. O ponto é que muitas vezes essas crises não tem um sentido muito consciente. Apenas estamos tão aficionados em manter a produtividade e o perfeccionismo no dia a dia que parece que sempre estamos atrasados para algo, sempre estamos deixando algo para traz ou nunca estamos fazendo algo direito. Todos esses questionamentos vão se sobrepondo na nossa mente causando um ruído que parece nos aprisionar num loop sem sentido, sempre buscando alimentar nossa necessidade de reafirmar nossa proficuidade com tudo o que nos dispomos a realizar no cotidiano, por mais simples que sejam essas nossas obrigações. Seja num contexto de faculdade, de trabalho ou mesmo nas tarefas de casa, há sempre algo que não deu tempo de realizar e que temos que ir adiando mais e mais. O tempo é outro protagonista do curta em vários sentidos. Tudo gira em torno dele e precisa estar intrinsecamente relacionado. O ansioso tem essa relação com o tempo e isso ajudou na narrativa a criar a atmosfera de suspense. O suspense se mantém na trama mais num contexto psicológico, já que é isso que a obra aborda, do que em uma perspectiva física. Mas a inspiração é em filmes de assassinos e stalkers, pois a ansiedade parece perseguir a protagonista onde quer que ela vá, tal como um serial killer ou monstro, se esvaindo apenas quando esta consegue alcançar a calma e a tranquilidade para focar em um ato humano tão natural: respirar.
-A Locação
O curta foi gravado nas imediações da própria UFS pois o ambiente familiar também se relaciona com o dia a dia corrido e apressado dos alunos que passam por aqueles corredores todos os dias. A longa extensão das passarelas também ajudou a dar aquele ar de infinitude ao “corredor” por onde a protagonista fica presa. A iluminação combinou perfeitamente com a trama e os tons de cor bege encaixaram como uma luva no que havíamos pensado, mesmo que a gente só tenha se dado conta disso principalmente na pós-produção. A localidade também foi escolhida para que as gravações correcem bem mesmo no período noturno pois a noite tinha um significado muito importante para a história, representando o estado de crise da protagonista enquanto o dia seria sua retomada do controle.
-O Som
O som foi um elemento muito importante para essa obra. Acredito que foi o som que deu o clima para o curta, pois sem ele o sentimento de desconforto da primeira parte do filme não seria alcançado. Além disso, os “tik-taks” só realçaram essa iminência do descontrole da protagonista. A sobreposição ajudou a dar um tom de desespero as vozes da mente de Serena e a trilha sonora aliada ao som ambiente foram responsáveis por dar os toques finais ao conteúdo geral. A narração retrata uma espécie de diálogo entre a consciência de Serena e seu subconsciente ansioso, ou a própria ansiedade. O ruído que fica na primeira parte do filme é intencional e consegue causar a identificação com a protagonista e sua sensação de ansiedade a flor da pele. Tudo isso contrasta com a calmaria da sua “volta a consciência” do finalzinho do curta.

Depois de ter visto algumas vezes depois de finalizar a montagem definitiva do curta consigo perceber alguns erros que pretendo não cometer mais em uma próxima produção, mas acredito que pelo que tínhamos e pela ideia inicial foi uma boa realização. Acredito que posso me aperfeiçoar muito ainda na questão sonora, que é uma parte que não domino tão bem hoje. E nas outras áreas também, com toda certeza, tenho muito ainda o que aprender. Vejo que tenho vários pontos a melhorar, no geral, na minha jornada como cineasta mas acho que vou me lembrar com orgulho desse meu primeiro trabalho produzido.

Durante a aula outros curtas foram apresentados como, por exemplo: “Epitáfio“, “Quando o tempo paralisa”, “O Hater” e o memorável “Tiririca – Acabou a Palhaçada” que também devem ser encontrados no site do festival em breve. Fico feliz também com as realizações dos meus colegas que demonstraram ter criatividade e técnicas excelentes na produção de seus trabalhos. O curta Serena pode ser reproduzido logo acima ou pelo site do festival neste link.

Gabriel Santana

Título OriginalSerena
Lançamento2023
País de OrigemBrasil
Duração1m2s
DireçãoGabriel Santana
CodireçãoAmanda Mecenas

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