Logo depois de ser apresentado a franquia com o filme de 2013, fui direto para a experiência mais recente de “Evil Dead”. Nesse novo longa temos um ambiente diferente e uma trama com um pouco mais de camadas. Mesmo que não seja apenas por isso que se sustente, conseguiu ser satisfatório e manteve uma boa dose de arrepios na espinha.
Dessa vez a trama se passa na cidade e segue uma família que mora em um precário prédio prestes a ser desocupado. Aqui conhecemos uma mãe e seus 3 filhos que é visitada pela sua irmã, mas logo algo terrível acontece no lugar e as relações familiares vão ter que esperar pra depois. Acredito que o ponto alto desse filme aqui é a sua apresentação sóbria dos personagens e do contexto/ambiente em que estão. Mesmo com umas forçadinhas clássicas para fazer a trama caminhar para o lugar esperado, o tempo que o filme dá para desenvolver minimamente nossa conexão com os personagens da família principal é o suficiente para criar em nós uma empatia que vai tornar as cenas e o clima ainda mais agoniantes. A trama ainda dá algumas pinceladas em problemas vividos pelos personagens que podem ser mais um ponto de identificação com o espectador. A dificuldade com o término e a questão da moradia precária podem ser citados, mas o principal ponto, com certeza, é a relação familiar abalada e ao mesmo tempo sendo o ponto base de união que sustenta tudo. O ambiente claustrofóbico do prédio quase que em ruínas é utilizado muito bem pela direção que consegue brincar com a profundidade dos planos para criar a iminência dos ataques e assustar ainda mais com a apreensão que é criada. Esses elementos do suspense e o nosso próprio conhecimento sobre o universo ajudam a manter um clima de tensão e iminência constantes, nos fazendo ficar em alerta o tempo todo. A mitologia da franquia foi também expandida, o que ajudou a tornar possível algumas invenções do roteiro para o novo filme, mas que também serve, provavelmente, como meio de justificar os acontecimentos de uma provável continuação. Diferente do filme de 2013, aqui o terror físico não é dos mais assustadores, mesmo com algumas cenas macabras e um exagero proposital de sangue. Apenas algumas cenas são de fato agoniantes, a maioria causa apenas o impacto inicial e depois são aliviadas pela nossa descrença já que o filme tenta usar uma vertente cada vez menos crível. Nada que fuja dos limites de um filme de terror convencional, claro, mas que acabam não surtindo tanto efeito para chocar, pelo menos para mim. O terror acaba se concentrando na nossa ligação com os personagens, pois como houve uma boa ambientação, isso acabou nos conectando e criando laços de empatia por eles. O desenrolar da trama, por fim, acaba sendo bem padrão e mantém o mesmo ar para o clímax. Mesmo com alguns momentos desconexos da trama que podem prejudicar a ligação ou comprometer a narrativa, o nível se mantém constante pela maior parte do filme e as situações vão ganhando desfechos cada vez mais brutais. Acredito que esse aqui tenha conseguido fugir um pouco mais dos clichês e, nem que seja pelo fato de nos ambientar de maneira satisfatória, apresentou um diferencial competente para se provar como um bom filme de terror mesmo não tendo a visceralidade do anterior da franquia.
A história é competente, o desenrolar da trama tem um sentido claro e os personagens têm um desenvolvimento suficiente para os níveis de um filme do gênero. Levando tudo isso em consideração, acredito que esse tenha sido um bom acerto que conseguiu justificar sua existência e possibilitar a manutenção dessa série de filmes.
Nota do autor:
Gabriel Santana

| Título Original | Evil Dead Rise |
| Lançamento | 2023 |
| País de Origem | EUA/Nova Zelândia/Irlanda |
| Distribuidora | Warner Bros. Pictures |
| Duração | 1h36m |
| Direção | Lee Cronin |
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