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Nada de Novo no Front [Crítica]

Acredito que qualquer filme de guerra tem uma capacidade maior de mexer comigo. Esse daqui é um belo exemplar do gênero e que recebeu um grande reconhecimento no Oscar 2023. Como ele já estava na minha lista e a temporada de premiações está próxima, eu o escolhi para assistir e, como outros filmes do gênero, o mesmo conseguiu me tocar bastante.

Nada de Novo no Front traz uma reflexão a respeito da guerra e da crueldade de um dos períodos mais esquecíveis da história da humanidade. Segue um grupo de jovens soldados alemães durante a primeira grande guerra mundial. Nessa trajetória vemos desde o entusiasmo de poder servir o seu país e se tornar herói até a crueldade da guerra e sua torturante realidade, tanto física, quanto mental. Desde o início, o filme não esconde a situação de desespero nos campos de batalha e a descartabilidade da vida humana envolvida. Isso contrasta com a empolgação dos amigos que, com orgulho, se alistam para a guerra em algum lugar do norte da Alemanha. A trilha sonora tem um ruído característico que se prolonga por toda a duração do filme e consegue nos estremecer mesmo sem ser algo tão extravagante. Parece algo que pretende nos alertar para aquelas cenas que em algum momento já foram reais na história humana. Quando, de fato, os jovens soldados são apresentados ao campo de batalha, a realidade aparece para destroçar qualquer idealização de uma batalha honrosa e heroica e se transforma numa luta pela sobrevivência por mais um dia, um mês ou o quanto tempo o corpo aguentar naquela situação deplorável. Além do inimigo, as condições de vida – se é que podemos chamar assim – são expostas cruamente e o convívio e os anseios dos personagens do grupo principal são apresentados para dar um toque de humanidade para aquele pandemônio. Essa realidade crua é que mais me fez sentir empatia e medo por aquelas pessoas. O que o longa também deixa explícito é a disparidade entre a realidade dos combatentes no fronte e de seus comandantes. Enquanto os superiores desfrutam de uma vida com várias mordomias, – mesmo os que estão perdendo a guerra – os soldados vivem atolados num ambiente insalubre e sem direito a alimentação adequada. O amadurecimento do protagonista é apresentado de um jeito ambíguo, pois, enquanto ele vai sofrendo os danos mentais dos acontecimentos, sua percepção e suas atitudes vão se transformando. Pra mim, o que esse filme quer de fato mostrar são as consequência psicológicas da realidade da guerra para além das consequências físicas, tanto os danos psíquicos durante a realidade da guerra, quanto os danos incuráveis numa realidade de paz. A maneira como a paz pode se tornar impossível para alguns depois de vivenciar tamanha destruição pode prolongar o sofrimento e torna-lo ainda mais insuportável com o final dos conflitos.

O filme consegue expor seu recorte histórico e passar sua mensagem de maneira bem sucedida, a meu ver. Acho que, pra mim, ficou uma sensação de que eu já vi aquelas cenas em um punhado de outros filmes, mas aqui elas foram montadas de maneira correta e formaram um longa competente em nos cativar e nos chacoalhar por dentro com essa dura e triste realidade.

Nota do autor:

Avaliação: 3.5 de 5.

Gabriel Santana

Título OriginalIm Westen nichts Neues
Lançamento2022
País de OrigemAlemanha/EUA/Reino Unido
DistribuidoraNetflix
Duração2h28m
DireçãoEdward Berger

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