Aftersun [Crítica]

Aftersun nos apresenta uma história cativante e estruturante que consegue nos ensinar muito de maneira singela e sensível. A obra se mantém de pé graças as atuações fantásticas dos dois protagonistas, pai e filha (Paul Mescal e Frankie Corio), e expõe uma trama de amor paterno única.

O filme conta a história comovente de um pai uma filha que estão passando alguns dias de férias juntos. No meio disso tudo vemos algumas gravações feitas por eles na época. Tudo para que aqueles momentos sejam mais especiais. A dinâmica entre os dois é mágica e a conexão é estabelecida muito bem pelo roteiro. A jornada de amadurecimento e descobertas da pequena Sophie é acompanhada pelo seu pai, que sempre está tentando melhorar a relação de amizade entre os dois. O amor que um tem pelo outro é evidente e edificante para ambos, pois o pai precisa mais da filha do que o contrário. Seus problemas são devastadores e o deixam perturbado, mas sua filha o faz se sentir vivo por mais algum tempo. Por isso, o filme nos apresenta um paralelo do distanciamento que acontece quando os filhos crescem e seus pais ficam “esquecidos” nas memórias de infância. As tentativas de vivenciar coisas memoráveis com sua pequena nem sempre dão certo, mas é claro o esforço que ele tem para se mostrar capaz daquilo. Em certo momento há, porém, uma inversão desses papéis, pois a pequena Sophie assume o papel de responsável e se mostra madura o suficiente para suportar os problemas, perdoar e conviver com as dificuldades. É esse amadurecimento que pode assustar os pais e acabar apartando a conexão. Mesmo que não tenham uma relação e nem uma experiência juntos perfeitas, pai e filha nos tocam de maneira marcante com um vínculo tão puro e edificante para ambos que é capaz de passar-nos uma mensagem poderosa sobre o amor e a relação que estabelecemos com nossa família, principalmente depois de mais velhos. Essa história tem um ar tão real que é capaz de nos fazer ter empatia de forma natural pelos personagens e assim perceber que os acontecimentos tem um significado bem mais marcante do que parecem. Pudera, já que é de uma hábil diretora que expos aqui uma autobiografia, segundo ela, mas que não fica presa a uma única história específica e se torna um passeio pela relação paternal de qualquer um.

Essa obra é mais uma daquelas que te tocam profundamente e deixam uma marca mesmo depois da experiência. Sua mente tem a missão de reunir tudo e absorver das mais singelas conversas, mensagens profundas e pertinentes para a vida.

Nota do autor: