Oxigênio é uma obra francesa dirigida por Alexandre Aja, conhecido por filmes de terror, mas que aqui conseguiu criar um suspense claustrofóbico impressionante. O filme foi gravado com muitas limitações da pandemia da Covid-19 e, por isso, se sustenta na grande atuação de Mélanie Laurent. Além do contexto histórico em que foi produzido, a sua temática também aborda esse tema e suas consequências para a humanidade dentro do universo criado pela roteirista Christie LeBlanc. A abordagem dessa ficção científica é bastante conveniente num mundo que vivia/vive uma das maiores consequências da doença, o isolamento.
A estrutura do roteiro nos faz ir descobrindo as camadas do mistério sem pressa, favorecendo a busca por soluções na nossa mente. Essa dinâmica nos faz imergir ainda mais no mundo do filme que nos é apresentado de dentro de uma caixa criogênica diminuta, onde a protagonista acorda. Essa relação próxima com a Dra. Elizabeth Hansen (Mélanie Laurent) nos faz sentir no corpo dela, preso numa capsula apertada e desconfortável sem entender o que está acontecendo. A trama exige muita expositividade por parte da personagem principal, o que é aceitável já que ela também está buscando respostas, além de contar com um personagem curioso, mas indispensável para a trama, o M.I.L.O., inteligência artificial médica da cápsula. As pequenas descobertas através dos flashbacks às vezes dão lugar a sustos e alucinações da personagem devido a suas memórias embaralhadas da sua “vida passada”. Os conceitos apresentados são facilmente aceitos por nós, do outro lado da tela, por conta da abordagem sobrea e cuidadosa, mesmo sendo lenta na maior parte do tempo. A vagareza em explicar o que está acontecendo cria uma atmosfera angustiante que nos prende naquele mundo, desejando saber o que realmente está acontecendo e o que vai acontecer. Essa “lentidão” também é pertinente, pois dá lugar a planos (da câmera) mais contemplativos e flashbacks enigmáticos. Enquanto tentamos juntar as peças o filme vai tratando de temas importantes da sociedade atual: a pandemia do coronavírus, o medo da solidão, o medo da morte, a dor pela perda de entes queridos e ainda vai além, tratando das consequências que uma doença pode causar para o futuro da humanidade e as tecnologias que o ser humano pode ter a disposição para tentar driblar esses obstáculos futuros.
O filme consegue de pouco em pouco te engajar na trajetória e a partir do momento que vai revelando mais e mais segredos, a história consegue se tornar crível mesmo sendo surreal. Essa é uma sacada inteligente do roteiro, porém, se não houver um interesse logo no início ou o foco for perdido no meio, a experiência final vai ser prejudicada.
O filme foi uma ótima surpresa quando eu o vi pela primeira vez, pois eu não esperava que fosse ser tão marcante e criativo sendo contado, aparentemente, de uma maneira tão simples e prejudicada pelo contexto da pandemia. No fim, essa forma de contar a história fez o filme ser ainda mais interessante e se encaixou perfeitamente na temática. Essa quebra positiva de expectativas me fez olhar com uma simpatia um pouco maior para esse longa e suas teorias, ideias e críticas bem abordadas
Nota do autor:
Gabriel Santana
| Título Original | Oxygène (Oxygen) |
| Lançamento | 2021 |
| País de Origem | França |
| Distribuidora | Netflix |
| Duração | 1h40m |
| Direção | Alexandre Aja |
Onde Assistir?





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