Clássico filme do final de década de 70, “Alien” traz uma trama que nos dias de hoje já parece bem batida e clichê, mas que pra época foi revolucionária, deixando um legado para os futuros filmes de ficção científica espacial e terror de sobrevivência. Para mim, essa foi uma experiência bem prejudicada pela distância temporal e por isso, a minha imersão e apresso foram bastante prejudicados. De todo modo, é inegável reconhecer que esse segundo longa de Ridley Scott já demonstrava como o diretor era perspicaz na sua criação de cenários extraordinários e na condução ágil de suas tramas – às vezes ágil até demais.
Mesmo sendo um clássico, posso garantir que não sabia nada sobre a narrativa específica desse filme. Claro que algumas referências a franquia já eram do meu conhecimento e algumas cenas isoladas eu já havia visto, mas em relação aos personagens humanos eu realmente não sabia nada. O universo que é apresentado aqui é bastante convincente, mesmo que as tecnologias futurísticas para a época, hoje já pareçam bem ultrapassadas, como telas com códigos binários aleatórios, uma infinidade de botões e luzes piscando. Luzes piscando que, inclusive, me deixaram bastante desnorteado no final do filme. As sequências finais têm uma atmosfera caótica de explosões e luzes que não param de piscar na tela, fazendo qualquer pessoa com fotossensibilidade passar mal. Talvez essa tenha sido a forma que a direção encontrou à época para transmitir a iminência do perigo ou de exaltar a tensão. Mas, depois desses adendos iniciais, voltemos ao filme do começo.
Na trama temos um futuro em que a exploração espacial já se tornou corriqueira e acompanhamos uma nave de transporte de minérios de uma companhia espacial que está em algum lugar do universo, a caminho da terra. A tripulação que estava em criogenia é acordada por um sinal de transmitido de um planeta próximo e, seguindo os protocolos, vão investigar. A situação que parecia controlada de início, vai revelando segredos e falhas sérias do protocolo que coloca toda a tripulação a mercê de um ser alienígena desconhecido.
À primeira vista, gostei bastante da construção de tensão que o filme propõe no primeiro ato. A ambientação é muito bem feita e, por mais que datada, ainda apresenta um certo realismo interessante. Além disso, os personagens, por mais que simples em seus cernes, conseguem transmitir suas funções narrativas sem muito esforço. Os cenários, os efeitos práticos e especiais também se mostram muito rebuscados, pelo menos até a chegada do Alien. Enfim, toda a dinâmica da tripulação dessa primeira metade conseguiu me garantir um mínimo de imersão para o longa.
Uma coisa que me incomodou um pouco foi a insistência da trilha sonora que não deixa nem um segundo de silêncio para o filme, algo que poderia muito bem elevar a tensão de algumas cenas. Ainda por cima, achei os efeitos sonoros um pouco intrusivos e deslocados, mas isso pode ser só uma implicância minha devido à distância temporal do lançamento do filme. De toda forma, nesse quesito o filme não me agradou. Outro ponto importante é que, pelo menos para mim, o Alien ficou bastante risível com esses anos todos de diferença. Preciso reconhecer que, devido aos efeitos práticos, a criatura ainda é muito mais crível do que muitas outras feitas em CGI por aí, mas a sua movimentação trôpega, principalmente nas cenas em que ele ainda não evoluiu à sua forma final me pareceram bem engraçadas. Não sei explicar muito bem o porquê. Para finalizar com as minhas objeções ao longa, achei que a direção poderia ser mais ágil em algumas cenas iniciais que são muito contemplativas e não se encaixaram ou transmitem muito conteúdo, a meu ver, e por outro lado, poderia ser menos caótica e desenfreada nas sequências finais, onde só conseguimos ver alguns frames na tela por cada quadro.
Como já reafirmei algumas vezes, o filme, assim como outros clássicos, sofre com o seu próprio legado. Sua influência para o gênero foi tão grande que inúmeras obras copiaram ou se inspiraram nas suas criações e por isso, para mim que já me deparei com tantas releituras e obras que têm como inspiração esse filme aqui, o próprio clássico se torna clichê. As dinâmicas são previsíveis e o desenvolvimento da narrativa chega a ser um pouco cansativo, principalmente em relação ao desenvolvimento dos personagens no segundo ato. Esse foi um ponto bastante significativo para mim. Eu não consegui me conectar profundamente a ninguém, e quando a situação vai se afunilando para apontar uma protagonista, já era tarde demais para mim. Por mais que a minha afeição a ela tenha acontecido desde o começo, a ligação foi bem fraca e a tensão total só ficou por conta do medo do desconhecido que ainda não havia sido apresentado. No mais, posso apontar uma única situação que realmente me surpreendeu no longa: quando um personagem se revela ser uma coisa que não parecia de início e, com isso, muitas das decisões anteriores se explicam, ajudando o filme a ganhar alguns pontos comigo pela sua inteligência.
Para mim, essa foi uma experiência bastante mediana, mas considerando a importância histórica e os feitos alcançados por esse filme numa época já longínqua do cinema, acrescento alguns pontinhos a mais para essa obra. Não é de todo modo esquecível, principalmente pelo seu legado, mas como filme independente não me cativou tanto para me fazer sentir fortes emoções por ele, seja durante a assistida, seja depois para querer seguir na franquia.
Nota do autor:
Gabriel Santana

| Título Original | Alien |
| Lançamento | 1979 |
| País de Origem | Reino Unido/EUA |
| Distribuidora | Twentieth Century Fox |
| Duração | 1h57m |
| Direção | Ridley Scott |
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